no jogo da vida
cada um joga
com as armas que tem nas mãos
cada um faz suas próprias regras
e obedece suas próprias leis
e faz sua própria ditadura
perde a compostura
e o próprio coracao se sutura
quando se encontra em clausura
é peça pra tudo quanto é lado
é carta fora do baralho
é torre destruída e caída
é peão jogado pelo chão
é cavalo dando coice
é bispo sofrendo um açoite
é a rainha sendo descoroada
é o rei sendo destronado
é o caos se instalando geral
é uma zona bagunçada
são ordens aos subalternos
que andam sem ternos, quase pelados
e só faltam mandar arrancar o couro
do trabalhador surrado
que sempre paga o pato
porque a corda arrebenta do lado mais fraco
mas o jogo é assim mesmo
é viciante viver e se dá ao prazer
de jogar tudo pro alto
de se jogar, no que nos faz feliz
de jogar fora, o que nos faz mal
de jogar e blefar, contra a hipocrisia
de jogar o sapato, em sinal de alívio
de se jogar, num abraço apertado
de jogar um beijo carinhoso
de jogar os dados da sorte
de se jogar na cama e dormir
de jogar com a vida
assim como ela faz conosco
e ela nos passa a perna
e ficamos debaixo da terra
deixamos tudo para trás
tudo como está
absolutamente tudo
principalmente o que não iremos carregar
só a alma flutua até o céu chegar
e o coracao chora de saudade do lado de cá
onde ficou o jogo do amor
pra ser jogado, ou melhor, sentido
e ter (me) amado mais!!!