Na vida, bastar me ia a paz de tu'alma em Minh'alma, se tão somente humilde eu fosse.
Mas meu egoísmo natural e intrínseco insiste em seu voraz descontentamento, insuflando me ao pecado.
Impotentes, nostr'almas em constante torpor de cega paixão, rendem se impotentes,
quais inocentes púberes em reincidente pecado.
Bastar me ia tua lucidez, não fosse o fato de não poder assim ser.
Sou falto de razão, afoito ao erro.
Tu, oposto de mim, és senão a razão, pelo menos a sensatez.
Sou pedra de tropeço, não caias por mim, pois paixão é fogo abrasador;
é vento enlouquecido que tudo destrói, afoito ao desejo e indiferente ao erro.
Assim sou eu, planta do deserto, insensível ao calor e ao frio.
Tu és flor delicada, embora forte como raiz profunda.
Na dor ou ventura, és forte e serena como o cândido luar do paraíso.
Bem sabeis: amor é como brisa que acalma, mas a paixão cega e corrompe os sentidos.
N'amor sou fiel e guerreiro, mas o discernimento não guia meus passos.
Sou pedra de tropeço.
Não caias por mim, pois vivo em trevas.
Segue teu caminho de luz, mas sem mim, pois desconheço a razão.