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Joaquim Silva

Hoje sonhei, como em muitas noites anteriores, contigo.
Numa vida normal, cheia de monotonia, horas de silêncios, longos momentos de sofá e TV, mas onde conseguia que te apaixonasses por mim a cada dia.
No sonho tinhas saído do teu emprego, por que sempre lutaras e que te ocupava muito do teu dia, e estavas a beber um café de final de tarde com uma amiga tua, eu fui ter contigo depois de sair do meu trabalho, e voltamos juntos para casa, conversamos o caminho todo sem silêncios, ouvia te a falar do teu trabalho, dos clientes dos projectos novos.
ouvindo sempre com o maior dos prazeres.
Em casa fui fazer o jantar enquanto te refugiavas nuns esquissos do trabalhos.
Jantamos e de seguida tomamos um banho juntos.
Enrroscámo nos os dois na cama e enquanto dormias no meu peito eu olhava para ti acariciando os teus cabelos, e puxava as mantas para garantir que não tinhas frio.
Acordavas levemente e sorrias, sabendo que não te podia dar mais que já te estava a dar, estava a oferecer te o meu coração, o meu amor por ti Mas,um sonho que se sonha só, é apenas um sonho que se sonha só, enquanto que um sonho que se sonha em conjunto é realidade.
Sei que não sonhas o mesmo que eu.
Mas estas visões são tão reais que fazem de mim teimoso, teimoso no bom sentido, com um objectivo claro e definido, dar te tudo o que mereces, amor puro, e a condição de te sentires amada a cada dia.
A casa com fachada de ardósia, a larga lareira onde passamos os dias de ócio, o jardim que cuido com agrado todos os domingos de manhã, a pérgula onde passamos as tardes de sábado sentados a ver as rosas brotarem.
Podia imaginar tudo isto noutra altura com outros elementos, mas nunca sem te ter como personagem principal
Será só um sonho
Que seja, mas foi bonito, e gostei.

Adoro te muito minha mãe!!
Quando nascemos choramos e esse choro é apenas uma metáfora.
Choramos porque nos tiram do aconchego da nossa mãe!!!
Sabes mãe, às vezes quando me deito na cama penso na tragédia que seria se um dia, tu fosses como todos os seres humanos: mortal, mas não és, pois não Claro que não.
Dizes que és o meu anjo da guarda e eu acredito que os anjos estão sempre connosco, por isso sei que estarás sempre comigo.
Desculpa mãe.
Desculpa quando passei por aquela fase completamente idiota e desprovida de bom senso, aquela fase em que achei que a minha reputação seria bem melhor se tu não me levasses até à porta da escola.
Desculpa quando considerei que não era uma boa imagem ter a minha mãe a dar me um beijo antes de entrar num autocarro que me levaria numa visita de estudo, desculpa se nessas viagens nem me ocorria a possibilidade de não te voltar a ver.
O destino às vezes troca nos as voltas e eu achei sempre que a vida estava garantida!!
Desculpa mãe.
Desculpa quando me ligavas à hora de almoço e eu rejeitava as tuas chamadas porque estava num café com os amigos e nenhuma das mães deles lhes ligava todos os dias.
Desculpa quando te dizia “mas as mães deles não ( )”, o que importava se as mães deles não se lembravam dos filhos na pausa do almoço
Desculpa mãe.
Desculpa se por vezes me esqueço que sou a única coisa que é realmente tua.
Desculpa se por vezes me esqueço que és a única coisa que é realmente minha.
Desculpa mãe.
Lembraste quando me deixavas bilhetes no espelho de manhã Tenho saudades disso.
Fazia me sorrir, e tu sabes o quanto é difícil fazer me sorrir de manhã.
Lembraste quando estava doente e tu estavas cansada porque o teu trabalho tinha corrido mal, mas preparavas uma sopa quente e cremosa para que eu conseguisse comer sem ter dores na garganta Obrigada por isso.
Desculpa as noites que passaste em branco porque eu fui sair à noite e tu só querias ouvir os meus passos no corredor para saberes que eu estava bem.
Desculpa quando apanhei a minha primeira bebedeira e vomitei na sanita, disseste me: “Está tudo bem filho.”, enquanto eu chorava de vergonha.
Desculpa se nunca te agradeci as inúmeras vezes em que acordavas às 4 da manhã só para me dar o antibiótico a horas certas, desculpa se nunca te agradeci os jantares que fazias dia após dia, mesmo quando estavas doente.
Sabes, nem sempre fui a melhor filho para ti.
Nunca te disse o quanto te amo ou se o disse, não foi o número suficiente de vezes.
Queria te para sempre comigo, dentro de um bolso, junto ao coração.
Desculpa tudo aquilo que nunca te disse mamã.
Desculpa não ir mais vezes contigo ao cinema.
Desculpa não te fazer o jantar nem ajudar a decidir o que vais cozinhar amanhã ao almoço.
Desculpa me por ser desarrumado.
Desculpa o número de vezes que te disse “Já vou” e não fui.
Desculpa levar te poucas vezes a passear.
Desculpa tudo o que (não) fiz.
Sabes mamã, se eu pudesse criar um mundo perfeito só para ti, fá lo ia sem pensar duas vezes.
Dava a minha vida para salvar a tua, e se algum dia a tua vida terminar duvido que eu consiga aguentar a minha.
Sabes mamã, no fundo tu és tudo aquilo que me mantém em pé quando as tempestades me abalam e atormentam.
Obrigada por me teres protegido sempre, obrigada por me teres poupado às coisas más do mundo e obrigada por teres tomado conta de mim, sempre.
És engraçada.
E bonita! , meu Deus, como és bonita mãe.
Não herdei a tua beleza, mas herdei de ti algo muito mais precioso: o teu sangue.
Corres me nas veias.
Sabes que algum dia terei que deixar o ninho e eu também sei.
Ainda não fui embora e já tenho saudades tuas e da tua voz.
Sinto falta do teu colo, de chorar nas tuas pernas e de saber que entendes a minha dor.
Sabes mamã, às vezes sinto me sozinho e tenho medo de o admitir.
Não quero ser fraco, nem quero chorar, mas se pudesse tornava te imortal, porque sei que se um dia me faltares, faltar me à o chão e o ar.
Amo te mãe e lembra te de me desculpares por tudo aquilo que nunca te disse.