Frases.Tube

Marilina Baccarat de Almeida Leão

BOAS LEMBRANÇAS.
Não que não tenha saudades da aurora da minha vida, como escreveu Casimiro de Abreu.
Mas o que mais tenho são boas lembranças.
Faltam poucos meses para eu completar mais um ano de vida.
E estou adorando! Pessoas falam das coisas boas do passado, de como a vida era melhor, da saudade que ficou para trás, mas não dizem a idade, por estarem envelhecendo.
Mas eu gosto dessa maturidade que a maior idade me proporciona.
Refletindo sobre essa poesia de Casimiro de Abreu, penso que o presente e o futuro me instigam e me alegram muito mais do que a saudade do passado.
Ao contrário de Casimiro, eu não tenho saudades da aurora da minha vida, porque naquele tempo eu tinha vivido muito pouco! Experimentado tão pouco! O tempo foi passando e a cada novo dia algo novo ia sendo acrescentado à minha vida, algo que ajudava a me lapidar, me forjar, me afiar, formar essa pessoa que agora sou em plena maturidade.
Bem diferente do que era na adolescência.
Achava que sabia tudo! Não passava de uma meninona brincando de casinha.
Estou feliz, pois aprendi muito com essa coisa fascinante que há sobre a face da terra, que é o ser humano.
Durante esse aprendizado, abracei muitas pessoas, consolei gente triste, caminhei com muitas, conversando sobre coisas sérias e coisas divertidas.
O que adianta ter saudades “dos anos que não voltam mais”.
Tudo o que vivi até aqui, foi só aprendizado.
Mas tenho certeza que os meus próximos anos me reservam muitas coisas espetaculares para viver e aprender muito.
A nossa vida vai passar como um vento que sopra no cair da tarde, por isso,temos que viver, cada dia da nossa vida, um novo aprendizado.
Assim, quando chegarmos ao finalzinho da nossa jornada, vamos saber que o entardecer da vida terá sido muito mais bonito do que a aurora da nossa vida.

ORGULHO COLORIDO
Há quem se orgulhe de andar sempre de cabeça baixa,olhando para o chão pois dizem que, olhando para o chão, encontram
muitas coisas interessantes, até dinheiro!
O meu orgulho já é outro, aprendi com meus pais a
andar sempre de cabeça erguida, olhando para o céu.
Só que
com essa, de sempre andar de cabeça erguida, já tomei muitos
tombos e me ralei no chão!
Quando criança, passava sempre as férias em Ubatuba,
lá existe a praia do cruzeiro, onde o padre José de Anchieta,
com a cabeça baixa, escrevia seus poemas na areia.
A onda vinha e os apagava Mas ele tornava a escrever,
não desanimava.
Como era criança na época, não entendia
muito bem, vovó explicava que, naquele lugar, Anchieta,
(fundador da cidade de São Paulo), sempre de cabeça baixa,
não desistia de escrever na areia da praia.
E ela continuava:
veja bem, ele sempre de cabeça baixa, justamente, neste lugar,
onde o por do sol é tão lindo! Realmente, há pessoas
que só andam de cabeça baixa e se esquecem de olhar para
o céu, apreciar o nascer do sol, o por do sol e as estrelas
à noite Ah! E a lua, como é linda, quando está na época
de lua cheia.
O céu fica azul marinho e muitas vezes meio
cor de rosa.
Eu me sinto privilegiada, pois sei admirar o céu, quando
ele está azul marinho ou quando está rosa, mas sei também apreciar,
quando ele se enche de nuvens, avisando que vem chuva
Como é gostoso, quando chove e podemos ficar em casa curtindo aquela chuvinha caindo e embalando o nosso sono.
Assim devemos caminhar, sempre olhando para o céu de onde vem o nosso orgulho colorido.
Claro que devemos ter cuidado,
algumas vezes, olhando para o chão, com cuidado para não cair e se machucar Mas o bom é olhar para o céu e contemplar um dia maravilhoso, o colorido que há nele
Claro que há dias em que o céu está cinza e a sua vida também poderá estar nublada, mas se você aprender a olhar para o céu, a sua vida não poderá jamais estar cinza.
A essência da vida é o colorido que a natureza oferece a ela.
Lembre se disso

Viva a nova estação.
As vitrines estão alegres, todas enfeitadas de folhas secas e roupas para o Outono.
Mas quem disse que as folhas de Outono são folhas mortas Elas dançam valsa bem lenta, quando o vento as toca para outro lado da floresta! O Outono é a estação mais gostosa do ano.
Diz a música que são folhas mortas, que tiveram outrora a cor da esperança.
Mas a cor em que elas ficam no Outono é muito mais bonita que a cor da esperança, que, durante todo ano, as mantém vivas.
Se observarmos bem as folhas no Outono,elas tocam música num canto da floresta.
Formam uma verdadeira orquestra, cujo regente é a estação.
O Outono nos faz lembrar a calma, ele tem alma, é o tempo ideal, de doces palavras, que outrora ouvimos em sombras, que as folhas das árvores nos proporcionavam.
Hoje, essas folhas tem um colorido lindo de um verdadeiro Outono.
Elas dançam ao som da orquestra natural do Outono.
Se observarmos bem, o som que as folhas fazem, quando são tocadas pelo vento, é um som de flauta, que se mistura também com um som de violino, dependendo da velocidade do vento.
As folhas ficam em festa, dançam,estão alegres, felizes, quando tantos dizem que elas estão mortas.
Não! Elas estão é bem vivas e alegres.
Porque a estação mais gostosa acabara de entrar, não tem o fogo que abrasa, nem o frio que nos faz tremer.
Num cantinho da floresta, o Outono toca flauta para que as folhas dancem.
Em breve, quando todo esse colorido for embora e o inverno chegar, vamos sentir saudades do bailado das folhas, que fazem alegrar a nossa vida.
E, em um cantinho da floresta dos nossos corações, teremos saudades das folhas, que dançaram para alegrar a nova estação.
É por isso que hoje me vesti de Outono e o Outono se vestiu em mim!
Marilina Baccarat no livro "Pelos Caminhos do Viver" editado pela editora Scortecci.