Durante anos de uma vida povoada,
Andei só, com meu coração despovoado.
Dava bom dia ao vizinho com sorriso no rosto
Para esconder a vergonha de cada a dia.
Destilava palavras de carinho,
Mas minha carne interna estava desidratada, sem rio.
O amor que sempre me amou, insistia em ficar
Estava por um triz conservá lo florido
Pois eram muitos momentos pálidos, sem colibris.
Me vi num convento onde só enxergava lamento,
Duma escassez de sentimentos de entontecer,
As cores que eu via, era branco e preto,
O branco: não era de paz, era dum tormento loucura
O preto: não era da noite com luar, era a morte vestida para me tragar.
Minha sorte foi a de ter nascido teimosa, rebelde, é rebelde.
Essa rebeldia causou a rebelião de toda uma vida ferida
Sem cor, ser harmonia, sem poesia
Me libertou!
A inquietude interior que me vestia me fez ser melhor do que eu via, sentia, e vivia
Estava tudo entalado na garganta, e, antes que me estrangulassem
Vomitei com toda a minha coragem.
Rasguei a batina que enclausurava minha espontaneidade,
Joguei a no lixo, no lixo dos covardes!
Fiquei desnuda, com a face alva, macia e sem poeira.
(respirei)