Jogo da vida
Seria muito estranho se a vida
Que nos passa de forma tão corrida
Sem parar, sem se deter, de sol a sol,
Fosse também na regra dividida
Exatamente em iguais dois tempos
Como ocorre, por exemplo,
Num jogo oficial de futebol.
No primeiro tempo, até 30 anos,
Jogo na base de táticas e planos
E jogadores cheios de disposição.
Por isso, não seria de estranhar
Que vá se construir um bom placar
Contra todo e qualquer adversário,
Que embora arme o melhor esquema,
Vai acabar enfrentando um problema
De preparo, aquém do necessário
Para conseguir resistir a esse vigor,
Que transborda de cada jogador.
É chegada a hora do intervalo
Arbitrado em dez anos
Para dar tempo à revisão dos planos
E recuperação do atleta
Que já sente um pouco o peso da idade
Quando arranca com velocidade
Em direção à meta.
Após os 40 anos
Começa o período derradeiro.
Preparam se as equipes, o juiz, torcida,
Para um tempo que é o verdadeiro
Regulador de todas as partidas,
Pois é nessa etapa que as vidas
Partem para a definição
De quem vai sair cedo de campo,
Rendendo se a antiga contusão,
Quem vai ser medicado no gramado,
Quem vai pedir a substituição,
Com cansaço em estado terminal,
E quem vai se aguentar até o final
Porque ao certo ninguém pode prever,
Em virtude de tanta interrupção,
Quanto sua excelência, o juiz,vai conceder
De tempo a mais como compensação.