( ) Tenho uma vida ótima.
Mas nenhuma dessas coisas se comparava ao prazer que eu tinha ao ouvir o barulhinho de uma mensagem dele chegando.
Ou de quando o porteiro dizia seu nome e o meu coração disparava tanto que eu tinha medo de morrer antes de o elevador abrir a porta.
E olhar para ele, com o seu sorriso misturado de pior e melhor pessoa do mundo.
E olhar o brilho dos seus olhos sem saber se vinha da alma ou da lente de contato.
Enfim: olhar e me sentir errando tanto e acertando muito.
Isso tudo fazia valer os últimos dez, quinze ou quarenta dias sem saber se ele estava ou não vivo.
( ) Mas aí resolvi começar o ano fora dessa palhaçada.
Essa não parece a história de uma mulher esperta ou que merece uma história melhor.
Quem pode cobrar da vida uma história de verdade se fica alimentando uma coisa desse tipo Chega.
( ) Por isso, com muito custo, chacoalhei minhas mangas.
E só eu sei o quanto doeu ver a melhor coisa do mundo indo embora.
Doeu um, dois dias.
No terceiro, a melhor coisa do mundo virou a melhorzinha.
Que virou a décima melhor.
Que não virou nada.