BRUXAS
Relembro as irmãs queimadas
É triste estudar as lidas
Das sábias cultivadoras
De ervas, flores, raízes nativas
Talvez porque não calaram
Talvez porque semearam
Lei da mordaça não aceitaram
Nem desejaram serem frígidas
Conheciam o prazer
Sabiam satisfazer
A si, a quem queriam
Sem medo, culpa ou fadiga
Diante de coisa assim
Incomum e pervertida
Por cantar dançar e amar
Sem limites, sem medida
Foram chamadas de bruxas
Chamadas de feiticeiras
Queimaram seus corpos sem saber
Que pra cinzas não há fronteiras
Por aqui existem outras
Muitos sequer estão a imaginar
Por aqui ainda vivem as filhas
Das bruxas que não conseguiram queimar