Somos todos filhos do Caos!
Como um deus da ciência, objetivamos o tempo.
Suas parcas verdades fixamos ao mundo.
Mas aos corpos celestes elas inexistem.
Sentido só há em relação ao espaço.
Somos todos filhos do Caos!
Criamos padrões, tradições e valores.
Relegamos a eles o nosso destino.
Por isso à deriva nós sempre estamos,
Em ilusórias mãos o leme se encontra.
Somos todos filhos do Caos!
Submetemo nos a símbolos, dogmas, crenças
O nosso olhar, por eles cerramos.
Ao Limbo de Dante, divergência enviamos
O destino, o futuro e a vida humana
– Com referência caseira –
Louvamos com pútrea e visionária cegueira.
Somos todos filhos do Caos!
À imbecilidade visionária da prepotência humana Impõe suas leis a natureza do cosmo.
Mas se esquece de a ela primeiro explicar.
"Poesia em gestação É a expressão ímpar da liberdade humana.
Finalizada é alma O resto mortal de seu criador Mumificado em gélida encadernação."
Darcie, Bethoven Soares Asas iconoclastas : planar sobre os vãos da verdade.
São Paulo : All Print Editora, 2017