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Vida Erin Zurich Escritora

Querida Buenos Aires, te conheci muitos anos atrás, quando nem mesmo ideais eu tinha formado dentro de mim ainda, quando minhas mãos não conseguiam segurar uma xícara de café direito e quando eu ainda andava de mãos dadas com a dor.
Andei pelas tuas ruas com medo, afinal, tu és uma cidade enorme, com ruas tão largas que minhas pernas curtas não davam conta de atravessar uma avenida sem que teus sinais de semáforo já sinalizassem o fim do percurso.
Ao partir, tu deixaste em mim o desejo te retornar.
Retornar para o tuas ruas cobertas de folhas de outono, e para tuas árvores repletas de jacarandás na primavera.
Ao partir, doeu meu coração e senti minha alma me atrair para ti, eu sabia que retornaria, seguramente, voltaria para teus braços.
Passados alguns anos, conforme esperei ansiosamente, voltei.
Tu não mudaste muito, não mudaste nada, aliás.
Ainda me recebeste com alegres sorrisos, com as folha secas presas ao chão, com o clima adorável de outono e com o céu inconfundível que me abraça cada vez que o enxergo.
Por outro lado, voltei para ti muito diferente da menina daqui partiu, cheguei ao teu coração cheia de traumas, com muitas dores e medos que eu sabia que só cabia a ti cura los.
Hoje, já consigo atravessar tuas largas avenidas sem necessitar correr, já sei pegar um trem e abraço tuas árvores com aquele sentimento de estar sendo privilegiada por estar aqui.
Hoje minha querida, meus sonhos não são mais conhecer a Disney, tampouco montar uma cidade de lego ou ganhar a barbie do ano, meus planos mudaram um pouco, meu sorriso já não é mais tão espontâneo e minhas palavras são mais comedidas, mas algo não mudou: meu amor por ti.
Sei que aqui ainda tenho muito chão a percorrer, mas também sei que a primavera me aguarda, com suas lindas flores e seu clima maravilhoso.
Não tenho medo, fecho os olhos e confio em ti, ainda que chegue o inverno, me sinto acolhida.
Me sinto forte, já me sinto curada, por ti.

Ela é linda e jovem, com uma sensatez que eu nunca vi igual.
Muitos filhos nascem do útero, eu nasci do coração dessa mulher, que me aceitou, me acolheu e me abençoou.
Quando cheguei na vida dela, estava cheia de traumas e dores, mágoas e solidão, mas, ela me curou, arrancou de mim a dor com seu toque e apagou meus traumas com amor, ela desfez minhas mágoas e trocou minha solidão por barulho.
Sim, ela adora fazer barulho, e eu, que detesto, tive que me acostumar com isso e eu juro, não foi fácil.
Me ensinou a economizar, me ensinou sobre tolerância, me ensinou sobre amar e também sobre ser amada.
Em minhas crônicas, ou resenhas e até em meu livro, certamente vocês muito verão eu falar sobre ela, pois cada uma fala daquilo que vive, e eu, com orgulho, vivo Michelle.
Antes que e fale, ela já sabe o que preciso, antes que eu peça, ela já me presenteia e antes que eu pense, ela já deduziu.
Ela é o melhor sorriso dos meus lábios, o melhor olhar que tenho é para ela, e ela não merece menos do que todo meu amor.
Todas as lágrimas que já derramei, ela estava lá para enxugar, todos os meus prantos, ela me abraçou e nas minhas crises, ela foi amorosa.
Ela não é perfeita, é esquecida e um pouco louca.
Já me esqueceu em alguns lugares, já brigou comigo por coisas absurdas e odeia ser criticada.
Ela é bem crítica e exigente, e talvez por isso, eu também seja.
Eu a amo, e não há nada no mundo que eu queira mais do que, ela ser eternamente minha, porque eu serei eternamente dela.