Eu e a minha velha mania de acreditar que é possível que as pessoas mudem.
Sim, as pessoas mudam.
Mudam conceitos.
O jeito de ser.
A maneira de viver.
A questão é que eu sempre penso que todo mundo merece mais uma chance, mais uma oportunidade, mas o mundo não é assim, – ah, só mais uma vez, só mais uma chance – as pessoas não são assim.
Algumas pessoas não são dignas para que você espere tal mudança, – quando você não tem o esperado, você se conforma – mas mesmo assim eu insisto nessa tal mudança.
O meu coração ainda continua de papel, sim, é possível escrever, escrever, escrever e escrever, sim, é possível apagar, apagar, apagar e apagar.
Um probleminha: quando se escreve e depois apaga o que foi escrito, o coração, que antes era de papel, não continua mais o mesmo.
O coração de antes que era composto apenas de matéria prima, de material puro, aos poucos, vai se tornando um lixo, ou melhor, um papel reciclável.
Um papel que agora carrega as mazelas de outrora, experiências, aprendizado e o melhor de tudo: carrega um sentimento diferente, muito diferente.
Há um processo doloroso, muito doloroso, para que esse papel se torne reciclável, – comparo até como um grão de areia ao incomodar uma ostra antes de virar uma pérola – existe a insistência, a persistência, uma luz no fim do túnel de que tudo irá ocorrer e acontecer como desejas, quando você se depara com a vida real, com a realidade, você acorda de um sonho que nunca existiu.
Um sonho que você simplesmente sonhou sozinho, tentou e insistiu em sonhar.
Um sonho que você projetou, idealizou, planejou, e, o inesperado acontece: o projeto falha.
Falha não por ter falhas no projeto, mas sim quando você acorda e percebe que não dá para continuar com a construção desse projeto.
E quando começa a aparecer falhas no projeto, é sinal de que nada vai bem.
As falhas começam com pequenas lacunas, trincas e rachaduras.
Quando você se depara, o projeto falha, foi por água abaixo, desmoronou.
O coração de papel – que é o engenheiro – não consegue fazer e idealizar um projeto sozinho, é preciso que haja outros papeis.
Sendo assim, o livro será composto por várias páginas, cada página reservada para um sentimento novo, para um momento novo e para a pessoa.
Mas o bom de tudo é que sempre irá existir páginas em branco neste livro, assim, é possível reescrever ou simplesmente escrever e começar um novo projeto, uma nova etapa, um novo capítulo, uma nova história.
O meu coração é de papel, sim, ele é de papel.
Escreva o!