Pedras no caminho
Na minha longa caminhada, me foram tantas as pedradas que hoje eu não sinto mais os espinhos, e mesmo em meio na multidão, engraçado; não sinto sequer o bater do coração e nem te vejo mais no meu caminho.
Por anos a fio te procurei, me foram noites e madrugadas; te busquei por dentre a chuvas e o frio, mas não encontrei nada.
Por vezes no desespero eu chorei; já descrente e desorientado, eu me perdi, mas nunca te encontrei.
Ocorreu me que hoje, no meu vagar sem sentido pelas ruas, o acaso me trouxe lembranças suas, num repente o vento se fez mais veloz e por instante, me pereceu o ouvir da sua voz.
Olhei esperançado ao ouvir a voz estranha, adentrei no vazio do meu ser, na imaginação voei por entre vales e montanhas, mas, não era você.
Infelizmente, hoje me encontro aqui acometido pela idade; e numa breve introspecção, me brotaram as lágrimas da saudade.
No olhar sombrio, não alimento mais ilusão, eis aqui a vagar, apenas um corpo cansado, inerte e já sem o coração.
Sem sentimentos, me costumei a caminhar sozinho, onde apenas uma alma despedaçada, por raras vezes reclama e ainda clama por um carinho, porém, já sem esperanças de nada.
A verdade é que tu já não mais me existe; e viver assim, embora que triste, pra mim tanto faz, e também já não importa mais, pois que me abracei com a solidão e nela encontrei a minha paz.
Abraços fraternos