Amor e Vida
Esconde me a alma, no íntimo, oprimida,
Este amor infeliz, como se fora
Um crime aos olhos dessa, que ela adora,
Dessa, que crendo o, crera se ofendida.
A crua e rija lâmina homicida
Do seu desdém vara me o peito; embora,
Que o amor que cresce nele, e nele mora,
Só findará quando findar me a vida!
Ó meu amor! como num mar profundo,
Achaste em mim teu álgido, teu fundo,
Teu derradeiro, teu feral abrigo!
E qual do rei de Tule a taça de ouro,
Ó meu sacro, ó meu único tesouro!
Ó meu amor! tu morrerás comigo!