Coragem e Lealdade
Já escrevi e reitero que há duas qualidades que admiro independentemente de conteúdo ou postulações: coragem e lealdade.
Não posso pensar em nada mais asqueroso do que seus respectivos contrários: covardia e traição.
Ainda que eu repudie a causa deste corajoso ou daquele; ainda que eu possa achar que o beneficiado pelo amigo leal não vale o esforço, aplaudirei sempre as duas virtudes, mesmo que combata seus protagonistas.
Só vale a pena viver assim.
E, por óbvio, quero me e sou corajoso e leal.
A leitura de “A Ilíada” explica com mais riqueza o que vai aqui.
Se um dia tiverem tempo, leiam na.
Ao fazer essa lembrança, relevo que trato de virtudes antigas, que não têm marca ideológica.
Até porque a esquerda pode ser notavelmente traiçoeira e covarde em nome da “causa”.
Há rica literatura, muito especialmente a política, a respeito.
E a direita pode praticar as duas coisas em nome do “pragmatismo”, já que costuma ter pouca imaginação para utopias.
“Causa” e “pragmatismo” são, pois, vestes que os pusilânimes e os vigaristas envergam sob o pretexto de cuidar da coisa pública.
Cedo ou tarde, os fatos os aguardam.
Se cedo, melhor: talvez haja tempo para aprender alguma coisa.
Se tarde, nada a fazer.
A terra há de comer mais um infeliz.
Reinaldo Azevedo