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Clarissa Corrêa

Quando te conheci meu coração chegou a parar por um instante.
Não sei o que houve naquele dia.
Mas juro que ele chegou a parar.
Pra depois recomeçar eu nunca havia sentido aquilo tudo.
Nem sei definir o que seria o "tudo", mas foi tudo mesmo.
Quando nos apaixonamos, nos sentimos grandes.
Maiores que o céu.
E o mar.
E o ar.
E as estrelas também.
Eu contava as estrelas.
Pedia pra alguém me beliscar, eu devia estar sonhando.
Me belisca.
Me acorda, só pode ser sonho.
Um sonho lindo.
Verdadeiro.
E real.
Ninguém me entendia tão bem, parecia que já nos conhecíamos.
Inacreditável.
Mesmos gostos, afinidade total.
Teu jeito delicado, preocupado, inteligente.
E ainda por cima lindo de morrer.
Nossa, lindo demais.
Apaixonante.
Charmoso.
Cheiroso.
Gostoso.
Puro "oso".
E me deixei levar, sem pensar em nada, só naquele momento.
Mágica.
Aos poucos tomou conta de todo o meu coração.
Da minha vida.
Minha mente.
Meu ser.
Meu Deus, éramos a lua e o mar! Um precisava do outro.
Um não vivia sem o outro.
Não existia nada além da gente, somente a gente.
E nada mais importava.
Tu sabias exatamente quando eu estava precisando de um colo.
De um ombro.
Ao escutar a minha voz, sabia se eu estava bem ou não.
Sabias a hora de falar e de calar.
Conheci todos os teus tipos de olhares e sorrisos.
Lembro de cada um deles.
Conheci teus defeitos, tua mania de me provocar só pra me deixar irritada porque tu adoravas me ver braba.
Falávamos sobre filmes, livros e lugares do mundo que gostaríamos de conhecer.
Planejávamos nosso futuro juntos.
Imaginávamos como seria nossa filhinha e nosso apartamento.
Gostávamos de ficar jogando joguinhos bestas e ir ao cinema.
Comer ouro branco e ferrero rocher, era o teu preferido.
Contigo aprendi a não ter medo do futuro, a não me prender ao passado, a perdoar os erros dos outros.
Aprendi a perdoar os teus erros.
Os meus erros.
Aprendi que não é coisa de criança ter medo do escuro e de trovões.
Aprendi que não se deve viver numa redoma de vidro, temos que sair da toca.
Aprendi que não adianta, não sei desenhar mesmo! Aprendi que precisamos valorizar, todos os dias, quem amamos.
Falar.
Dizer.
Verbalizar.
Expor.
Escancarar.
Dar a cara pra bater.
Descobri que ser doce não significa ser grudenta.
Ser gentil não significa ser um capacho.
Ser sincera não significa ser cara de pau.
A coisa mais importante que aprendi contigo foi o significado do sentimento mais puro e nobre que uma pessoa pode possuir por outra: o amor.
Eu preciso muito te agradecer.
Mas não tenho como.
Mesmo assim, obrigada.
Jamais vou te esquecer, parte de mim vai te amar pra sempre.
Sei que o nosso pra sempre nunca acaba.
Lembra Eu lembro de tudo.
Desde o momento em que eu acordo até a hora em que vou dormir.
Sinto saudades.
Saudades do que fomos um dia.
Fomos muito.
Fomos muitos.
Parte de mim, aquela que vai te amar pra sempre, é meu todo hoje.
Não me imagino vivendo sem a gente.

A difícil arte de seguir em frente
(Em outras palavras: na hora do aperto a gente apela para a autoajuda, birita, ombro dos amigos, livros bestas e músicas cafonas.)
Por algum motivo as coisas não deram certo.
Sua vida seguiu por um caminho e a dele dobrou duas quadras mais para a frente.
Você fica se perguntando o que aconteceu, o que deu errado, por que vai ter que enfiar todos os planos dentro da nécessaire, fechar e ficar um tempão sem abrir novamente.
A gente passa por diversas fases.
Sentimos raiva, sentimos dor, sentimos revolta, sentimos desprezo, sentimos saudade, sentimos amor, sentimos medo de nunca mais esquecer, sentimos medo de gostar de novo, sentimos vergonha e receio em repetir os mesmos erros bobos.
Demorei muito para acreditar na mais louca e cruel verdade: quem gosta de você vai te tratar bem.
Quem gosta de você se importa, quer o melhor, te procura, te liga, te dá satisfação.
Quem gosta quer estar junto.
Quem gosta demonstra.
Quem gosta faz planos.
Quem gosta apresenta para a família e amigos.
Quem gosta manda uma mensagem bobinha só pra dizer que ama.
Quem gosta carrega uma foto sua dentro da carteira pra ver quando dá saudade.
Quem gosta abraça na hora de dormir.
Quem gosta dá um beijo de boa noite e de bom dia.
Quem gosta aguenta suas reclamações, sua cólica infernal, suas manhas e manias.
Me desculpa, mas não existe medo que seja maior que um sentimento.
Não existe timidez que seja mais forte que uma declaração de amor.
Não existe distância que deixe uma relação morrer se as duas pessoas querem ficar coladinhas.
Não existe estou dividido entre ela e você.
Quem gosta pode se perder, mas sempre vai saber pra onde quer voltar.
A gente demora pra aceitar, arruma novecentas desculpas para a falta de jeito do outro.
Ah, ele é confuso.
Ah, ele está tenso.
Ah, ele tem medo.
Ah, ele é maluco.
Ah, ele isso.
Ah, ele aquilo.
Desculpa, mas quem quer estar junto pensa ah, que saudade.
Ah, que falta ela me faz.
Quem gosta, gosta.
Sem complicações.
Sem armações e armaduras.
Infelizmente, antes de seguir em frente tentamos interpretar as ações e atitudes da pessoa indecisa.
Ele respondeu assim por tal motivo.
Ele falou isso querendo dizer tal coisa.
Ele isso, mas tenho certeza que ele aquilo.
Quem gosta dá certeza do que sente.
Quem gosta te olha com sinceridade.
Quem gosta não faz joguinho nem te deixa pela metade.
Quem gosta quer te deixar segura.
Por bem ou por mal, precisamos abandonar um sentimento que não traz nada de bom.
Simples assim.
Basta você se perguntar: é essa a vida que quero para mim Eu mereço ser feliz Eu mereço alguém que me ame Eu mereço alguém que se importe Eu mereço quem tenha certeza que me quer Eu mereço ser amada
O momento em que você percebe que o outro não te quer é mágico.
A gente acorda, se sente nova, se sente livre.
É claro que não se afoga um sentimento do dia para a noite.
Mas a gente tenta preencher aqueles espaços com coisas novas: músicas diferentes, bons livros, trabalho, amigos, decoração da casa, um animal de estimação.
Tudo serve para animar, renovar, encher a casa, a vida e preencher o tempo, costurar e remendar nossas feridas.
É claro que vai doer, é claro que você vai sentir, é claro que o sentimento ainda vai latejar por um tempo.
Mas a gente supera a partir do momento em que decide o que merece.