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Martha Medeiros

DOR FÍSICA X DOR EMOCIONAL
26 de outubro de 1998
O maior medo do ser humano, depois do medo da morte, é o medo da dor.
Dor física: um corte, uma picada, uma ardência, uma distenção, uma fratura, uma cárie.
Dor que só cessa com analgésico, no caso de ser uma dor comum, ou com morfina, quando é uma dor insuportável.
Mas é a dor emocional a mais temível, porque essa não tem medicamento que dê jeito.
Uma vez, conversando com uma amiga, ficamos nessa discussão por horas: o que é mais dolorido, ter o braço quebrado ou o coração Uma pessoa que foi rejeitada pelo seu amor sofre menos ou mais do que quem levou 20 pontos no supercílio Dores absolutamente diferentes.
Eu acho que dói mais a dor emocional, aquela que sangra por dentro.
Qualquer mãe preferiria ter úlcera para o resto da vida do que conviver com o vazio causado pela morte de um filho.
As estatísticas não mentem: é mais fácil ser atingida por uma depressão do que por uma bala perdida.
Existe médico para baixo astral Psicanalistas.
E remédio Anti depressivos.
Funcionam Funcionam, mas não com a rapidez de uma injeção, não com a eficiência de uma cirurgia.
Certas feridas não ficam à mostra.
Acabar com a dor da baixa auto estima é bem mais demorado do que acabar com uma dor localizada.
Parece absurdo que alguém possa sofrer num dia de céu azul, na beira do mar, numa festa, num bar.
Parece exagero dizer que alguém que leve uma pancada na cabeça sofrerá menos do que alguém que for demitido.
Onde está o hematoma causado pelo desemprego, onde está a cicatriz da fome, onde está o gesso imobilizando a dor de um preconceito Custamos a respeitar as dores invisíveis, para as quais não existem prontos socorros.
Não adianta assoprar que não passa.
Tenho um respeito tremendo por quem sofre em silêncio, principalmente pelos que sofrem por amor.
Perder a companhia de quem se ama pode ser uma mutilação tão séria quanto a sofrida por Lars Grael, só que os outros não enxergam a parte que nos falta, e por isso tendem a menosprezar nosso martírio.
O próprio iatista terá sua dor emocional prolongada por algum tempo, diante da nova realidade que enfrenta.
Nenhuma fisgada se compara à dor de um destino alterado para sempre.

VELHOS AMIGOS, NOVOS AMIGOS
Quem é seu melhor amigo(a) Deixe ver se adivinho: estuda na mesma escola ou cursinho, tem a mesma idade (talvez um ano a mais ou a menos), freqüenta o mesmo clube ou a mesma praia.
Se errei, foi por pouco.
Não é vidência: minha melhor amiga também foi minha colega tanto na escola quanto na faculdade e nascemos no mesmo ano.
São amizades extremamente salutares, pois podemos dividir com eles angústias e alegrias próprias do momento que se está vivendo.
Mas fique esperto.
Fechar a porta para pessoas diferentes de você é sinal de inteligência precária.
Durante a adolescência, é vital repartir nossas experiências com pessoas que pensem como nós e que tenham o mesmo pique: é importante sentir se incluído num grupo, de pertencer a uma turma.
Perde se, no entanto, o convívio com pessoas de outras idades e de outros "planetas", que muito poderiam lapidar a nossa visão de mundo.
Entre iguais, tudo é igual.
A vida ganha movimento é na diferença.
Se você é rato de biblioteca, iria se divertir ouvindo as histórias contadas por um alpinista experiente.
Se você tem muita grana, ficaria surpreso em saber como dá duro o cara que trabalha de
dia para poder estudar à noite e o quanto ele precisa economizar para tomar dois chopes no sábado.
Se você curte música, seria bacana conversar com quem curte teatro.
Se você é derrotista, seria uma boa bater um papo com quem já sofreu de verdade.
Você, que se acha uma velha aos 27 anos, iria se divertir muito com os relatos de uma cinquentona irada.
E você, beirando os 60, se surpreenderia com a maturidade de um garoto de 18.
Para os de meia idade, nada melhor do que ter amigos nos dois extremos: da garotada que lhe arrasta para dançar até aqueles que estão numa marcha mais lenta, que já viveram de tudo e de tudo podem falar.
A cabeça da gente comporta rafting e música lírica, videoclipes e dança flamenca, ficar com alguém por uma noite e ficar para sempre.
É importante cultivar afinidades, mas as desafinações ensinam bastante.
No mínimo, nos fazem dar boas risadas.
Vale amizade com executivo e com office boy, com solteiros e casados, meninas e mulheraços, gente que torce para outro time e vota em outro partido.
Vale sempre que houver troca.
Vale inclusive pai e mãe.