"Acordou ao toque assustador do despertador, que sempre faz o coração disparar, depois de míseras horas dormindo, até pareceu um cochilo, com sono e mal humorado se levantou e o dia ainda nem clareou.
Invariavelmente apressado, foi ao banheiro e se cuidou, tomou café e saiu, não pode chegar atrasado.
Caminhou até o local de embarque para utilizar o transporte público, lotado, desconfortável, caro e bem distante dos padrões de decência.
Após um longo período de agonia, finalmente desembarcou, amarrotado e com outros cheiros misturados ao seu.
Mais uma caminhada até o local de trabalho, onde adentrou, bateu cartão e já iniciou o ofício.
Cumpriu metas, ouviu o patrão, e comeu sua marmita.
Já a noitinha, iniciou o caminho de volta para casa e agora a viagem é ainda pior, porque um dia se passou e está cansado, até os cheiros mudaram.
Em casa, tomou um banho, jantou e foi deitar, para no dia seguinte tudo repetir, recomeçar.
A família e os amigos, o laser e tudo o mais, ficam para quando der, se der, pois hoje o tempo acabou e o bom ânimo também.
Eis um dia na vida de um escravo urbano".