Sonetos
I
A meu pai doente
Para onde fores, Pai, para onde fores,
Irei também, trilhando as mesmas ruas
Tu, para amenizar as dores tuas,
Eu, para amenizar as minhas dores!
Que coisa triste! O campo tão sem flores,
E eu tão sem crença e as árvores tão nuas
E tu, gemendo, e o horror de nossas duas
Mágoas crescendo e se fazendo horrores!
Magoaram te, meu Pai ! Que mão sombria,
Indiferente aos mil tormentos teus
De assim magoar te sem pesar havia !
Seria a mão de Deus ! Mas Deus enfim
É bom, é justo, e sendo justo, Deus,
Deus não havia de magoar te assim!