A LINGUAGEM DO AMOR
Que o amor seja doloso e não venal
Que a musica embale a dançaria cabal
Aumente paulatinamente o ritmo da valsa
E vagarosamente vire tango frenético na graça
Do olhar flecha o qual atravessa o singelo som
A gritaria dos motores lá fora não muda o tom
Cortesia quando segura, aperta afofando e dura
O tempo inteiro de um coma, segura, perdura
Volta quando a maior nota aguda recomeça.
O ritmo esvoaçante, na melodia, ingressa
O corpo manobra nas esquinas da música
Cambaleia em pluma, na maior altura
E cai em tesoura aberta, nos braços
De quem já fez multifárias, esses passos
Marcham no trote cavalo Marchador
Firmam os passos sem mostrar qualquer dor
O lastro do vestido sustenta o mármore de pernas
O amor na música é, em suma, essa doce conversa
Íntegros corpos e almas, hermeticamente, unidos
Em uma uníssona nota, são de fora, confundidos
Até quando desligarem, em incógnita, o som,
Os acordes mentais repetirão o Pisom
E multiplicará em afluentes herdeiros
No vasto cristal de amor, o espelho
De rios surgirá o Crescente Fértil
As nuances do primeiro projétil.
Num desequilíbrio de pernas
Imprevisto na vontade eterna
Corações voam às alturas
Amor é tango, não luta.