E se perguntassem o que vem a ser o certo, Gabriela olharia com a cabeça torta como a de um cachorro quando parece não compreender o que se passa.
O olhar de repente vidrado de quem tem sede de entender as coisas que acontecem ao redor.
Ela não sabia amar, talvez.
Então mais um amor havia ido embora, mais um amor havia chegado ao fim.
Nessa imensa individualidade onde ninguém podia entristecê la sempre cresciam espinhos.
Espinhos para machucar aqueles que a machucavam, então assim não a tocavam.
Não tocava porque o medo da mágoa não deixava que lhe tocassem, ou então havia medo porque não haviam tocado fundo o suficiente para que o medo não existisse.
Que triste então estava sendo, mas Gabriela parecia acostumada.
Acostumada e fria porque depois de tantas lágrimas, ela finalmente parecia ter secado.
A maquiagem borrada em volta dos olhos tinha sido limpa na noite anterior.
Quando Antônio e ela se encontraram; ela parecia inteira.
Inteira porque não tinha ficado nada dela para trás.
Seus olhos eram de desilusão, de cansaço.
Cansada de construir sonhos, planos, fantasias.
E depois da desilusão ter de destruir uma a uma, como se nada daquilo tivesse um dia existido, só para olhar para trás e não sentir nada do que sentira antes.
Era mais um fim doído, choroso, arrastado.