Fecho os olhos na esperança de encontrar minha inspiração.
Sem paisagens bonitas, nem influências externas.
Eu, apenas eu, e um emaranhado sem fim de sentimentos confusos que, por vezes, me roubam a lógica que tanto prezo.
Vão se as certezas e resta somente um coração batendo no ritmo da música que invade os meus ouvidos e que me torna ainda mais sensível a um sentimento que me avessa da cabeça aos pés, e que me faz querer sonhar, mesmo com a possibilidade, sempre bem presente, de ser forçada acordar em um súpeto.
Como em um daqueles sonhos em que se cai de um precipício tão rapidamente que o ar abandona os pulmões instantaneamente, com o chão cada vez mais próximo e a queda cada vez mais certa.
E o que fazer com aquela sensação de que nada resta a não ser juntar os pedaços ou de, tão somente, esperar o tempo varrer a bagunça que ficou
Quem disse que se apaixonar era fácil, afinal de contas
E, depois de tudo, resta aquela falsa ideia de que tudo o que vivemos são consequências de nossas próprias escolhas, quando, na verdade, não houveram se quer chances de se ponderar sobre qualquer coisa que não fosse como aquele abraço congelou o mundo ao redor.
Ou sobre como, quase que milagrosamente, o cérebro conseguiu enviar a mensagem da necessidade de se respirar enquanto os lábios se encontravam em uma perfeita sincronia.
Quando o toque na alma é tão forte, quando o chão some, por um milésimo de segundo, sob os pés, quem vai lembrar de se importa com o resto, afinal
E, no final, de olhos bem abertos questiono ser benção ou maldição esse sentir perigoso, isso de sonhar acordada por algo, alguém.
Pergunto me ainda se abster me, em nome dos riscos, seria uma saída
Mas então sinto me abençoada pelo risco e, até mesmo, pela queda.
Tão somente por ter vivido algo capaz de me roubar o ar.
Quem disse que precisa de lógica