Eu beijei as suas mãos pálidas, frias, sem muita firmeza.
Eu disse que a amava com propriedade e franqueza.
Não vi seu sorriso direito, a máscara de oxigênio impediu, mas ela sorriu pra mim.
Eu vi o cilindro de oxigênio vazio e ela pedindo ar.
Eu estive lá, a toquei, senti o cansaço dos seus olhos.
Era dia sete de setembro, feriado nacional, eu peguei um ônibus qualquer, quase me perdi no caminho mas consegui chegar lá.
Alcancei o que seria uma das suas últimas tardes.
Tudo isso cinco dias antes de perde la de vista pra sempre.
Se soubesse que só restavam cinco dias, teria ido lá mais vezes.
Até prometi voltar..
Mas aí reside o sentido de amar como se não houvesse amanhã, na verdade não há.
In memoriam
(Jaqueline Pereira)