Círculo Vicioso
Bailando no ar, gemia inquieto vaga lume:
Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela!
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna á gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
Misera! tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume!
Mas o sol, inclinando a rutila capela:
Pesa me esta brilhante aureola de nume
Enfara me esta azul e desmedida umbela
Porque não nasci eu um simples vaga lume