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Anônimo

Cadê você, homem, o que foi feito de ti Era meu amigo, leal companheiro e confidenteCom quem eu conversava de forma transparenteSem reservas e tão cheia de confiança Cadê você, homem, o que foi feito de ti Você que me fez de novo ser criançaLevando me de volta à longínqua infânciaSuscitando o extravasar do meu “porão” Cadê você, homem, o que foi feito de ti Que soube sondar como ninguém meu coraçãoQue ocupou espaços vazios e me fez plenaQue me refletiu e fez a vida valer a pena Cadê você, homem, o que foi feito de ti Que era todo o meu entusiasmo e inspiraçãoQue fez nascer rascunhos em verso e prosaQue soube despertar a mulher amorosa Cadê você, homem, o que foi feito de ti Que sempre, sempre se importou comigoQue nunca me negou o ombro amigoNa hora dos meus impasses, dúvidas, aflição Cadê você, homem,o que foi feito de ti A quem, do Sousa, eu enviava um hinoE na troca, da Amália, eu recebia um fadoEm doces permutas, tão do nosso agrado Cadê você, homem, o que foi feito de ti De cuja amizade eu tanto me orgulhavaPelo seu modo de ser que eu tanto adoravaE como joia rara, no peito eu te guardava Cadê você, homem, o que foi feito de ti Que silenciou de repente qual se tivesse morridoOu será que fui eu que morri (em ti)sem ter percebidoProcurando te em vão,entre lágrimas e gemidos Mas, homem, noto agora que já estou meio mortaApesar do derradeiro rascunho, você já não me importaPorque na verdade, você nunca existiuFoi tudo engodo, miragem, alucinação Porque amigos verdadeiros não nos deixam na mãoE mesmo que tenham que ir emboraPelos ditames do destino e pelo apelo da hora,Avisam nos da partida, deixando uma doce saudação