"Minha cidade foi minha história e ela teve o tamanho, mesquinho, de minhas ambições.
( ) O dilúvio salgado escapava com tamanha fúria dos olhos, que achei que fosse arrancar meus glóbulos.
Fiquei feliz por isso.
Nunca mais enxergar seria imensa bênção.
Mas o destino é tão cruel que a partir dali comecei a enxergar ainda mais.
Vi o passado, vi o futuro, vi o distante e vi o não dito; vi o que se soterrou debaixo dos tapetes da memória e vi o que se quis dizer, mas não foi possível nos tempos mortos.
Tornei me curva pelo peso de toda verdade que acumulei em minhas costas.
Uma luz intensa fez me lúcida.
Estava morrendo Um jaó cantando longe.
Um adeus Do tempo que já se foi.
"Ouça o mar." Não existem, já, jaós por aqui.
"Ouça o mar! " Mas nunca fomos apresentados.
Um dia o sertão chega lá.
O canto do jaó.
Raro.
Pai Se alguém achasse um.
Sagrado seria.
Ou maligno.
Despedida.", Fred Di Giacomo, "Desamparo"