Está chovendo.
Leio um livro na sacada, de onde posso sentir gotículas de água que são carregadas pelo vento.
O livro é apenas uma janela para os meus pensamentos fugirem da minha cabeça, na verdade, não fogem, ficam girando,girando e girando.
olho para os prédios, vejo pessoas mostrando seus rostos pelas janelas.
O que será que estão olhando será que gostam apenas de contemplar a chuva Duvido.
Vão para pensar em coisas da vida, para fugir de uma discussão, para descarregar suas emoções, fazendo as lagrimas se misturarem com a chuva.
Avisto num apartamento não muito alto uma criança brincando na varanda, deve ter uns 7,8 anos.
Mas essa criança é especial, não tem cabelos, provavelmente devido à quimioterapia que crianças com câncer tem que fazer.
É uma garotinha.
Brinca com sua boneca, que é quase de seu tamanho.
Acaricia os cabelos de sua amiga inanimada com as mãos.
Um olhar triste, e uma lágrima escorre dos pequenos olhos azuis da pobre menina.
Ela abraça a boneca, como se esta fosse consolá la.
E de fato consola, pois fica lá, inerte, apenas presenciando o sofrimento da pequena, em silêncio.
E é isso o que a conforta, o silêncio.
Mergulho ainda mais em meus pensamentos, chegando à conclusão que para algumas pessoas, o silêncio é o melhor ouvinte.
E eu sou uma pessoa dessas.
O silêncio nos permite mergulhar em nós mesmos e ver o que há de errado, sendo possível até encontrarmos alguma solução.
Quando não, temos a liberdade de chorar, de gritar, de sofrer, de sofrer em silêncio.
olho novamente para a menina com sua boneca, e vejo que está sorrindo, conversando animadamente com a boneca, que está sem os cabelos agora.