Senzala do amor
Acorrentado, não posso fugir,
Não há janelas, as portas fechadas,
É minha prisão, rústica e abafada,
Total é o desconforto, nada a contemplar,
Ouço lá fora, o canto dos pássaros,
Eu sei que estão felizes, livres a voar.
Liberdade, liberdade, ah! sonho meu!
Enquanto isso, eu estou aqui.
Somente eu.
Amanhece o dia, ouço movimentos,
Talvez humanos, ou desumanos, não sei.
Só sei que lá fora, o que me espera,
Não é minha amada, minha namorada, certeza não é.
O que me espera, nada desejado,
Somente a jornada,
Trabalhos, trabalhos!
Ah! Minha vida, será que eu vivo
Não sei, nada mais sei.
Só sei que lá fora, me espera a lei.
A lei que tirou, minha liberdade,
Que também tirou, de mim minha amada.
Que não mais à vi.
Porém o amor,
No meu peito ficou,
Ninguém o arrancou,
Meu direito de amar.
Muito embora que a sorte,
Forte como a morte,
Me trancafiou,
Em masmorras de dor,
Na senzala de horror.
Porém, no entanto,
Fiz em meu coração,
Suave canção.
E um lugar reservado,
Pra abrigar minha amada,
A senzala do amor.