Para além da orelha existe um som, à extremidade do olhar um aspecto, às pontas dos dedos um objeto é para lá que eu vou.
À ponta do lápis o traço.
Onde expira um pensamento está uma idéia, ao derradeiro hálito de alegria uma outra alegria, à ponta da espada a magia é para lá que eu vou.
Na ponta dos pés o salto.
Parece a história de alguém que foi e não voltou é para lá que eu vou.
Ou não vou Vou, sim.
E volto para ver como estão as coisas.
Se continuam mágicas.
Realidade Eu vos espero.
E para lá que eu vou.
Na ponta da palavra está a palavra.
( ) À beira de eu estou mim.
É para mim que eu vou.
E de mim saio para ver.
Ver o quê Ver o que existe.
Depois de morta é para a realidade que vou.
Por enquanto é sonho.
Sonho fatídico.
Mas depois depois tudo é real.
E a alma livre procura um canto para se acomodar.
Mim é um eu que anuncio.
( ) Amor: eu vos amo tanto.
Eu amo o amor.
O amor é vermelho.
( ) À extremidade de mim estou eu.
Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta.
Mas a que canta.
A que diz palavras.
Palavras ao vento que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento.
O morro dos ventos uivantes me chama.
Vou, bruxa que sou.
E me transmuto.
( ) Que estou eu a dizer Estou dizendo amor.
E à beira do amor estamos nós.