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Luana Rodrigues

Eu, descrevendo eu mesma.
Vou indo então assim mesmo, sem frescuras, ou modéstias, vou indo assim mesmo sem vergonha na cara, sem modéstias, fria, sem amor, sem o teu amor, sem o nosso amor.
Vou sem nada, só com Deus; sem Deus pois não creio nele, alias, me odeio por não crer em absolutamente nada, me odeio por ser tão crítica, por ser tão desconfiada, por só acreditar no visível, por ser só isso que sou, nada alem disso, sou o tédio em forma de gente, ou melhor, em forma de animal, pois se tu for parar pra pensar, é isso que somos; animais, somos animais da pior espécie.
Bom, disse que já estava indo, mas resolvi sentar e esperar por criaturas que me deixem ser livre, estou esgotada de mim mesma, estou depressiva pelo mundo, e pelo seus abitantes, estou decidida, não vou te ligar, não vou esperar.
Mudei de ideia, vou indo, não vou esperar nenhum detalhe, estou sóbria, sóbria de mim mesma, sobras de um sonho literário, todo escritor quer uma crítica bendita.
Toda Eu quer um amor sem rotina.
Acho que vou esperar, vai que nessa espera alguém não chegue me dando boas vindas, me mandando flores, ou me trazendo um jardim inteiro.
Espero pois sem a espera não é vida, então antes que eu resolva parar de esperar, vou embora.
Não entendo a maioria das coisas que escrevo, faz tempo que eu me desencontrei.
Faz anos em que eu me escondi e me privei de mim mesma, a verdadeira Eu senti muito, sente demais, sente muito mesmo.
Vou indo embora desse lugar onde não passa gente, só uns fios de cabelo voando soltos no ar, apesar de achar que esse é o melhor lugar do mundo, vou indo, o cotidiano me espera.
Odeio ser de gêmeos, mudo tanto de ideia, e comportamento, e vícios, e deslumbres.
Odeio ser só eu, a desinteressada por tudo, a brutal amiga da onça, a pessoa que venera o impossível, mas que infelizmente só acredita no visível.

Triste era ter que conviver com a coincidência rotineira dos finais de tarde, quando ia embora para casa depois de dias longos e todos eram.
Era sempre pôr do sol.
É quando a gente se sente mais solitário do que nunca.
Essa era a explicação de Aurora.
Mas o que eu acredito é que ela era uma pessoa realmente solitária, independente dos ponteiros do relógio e da posição do sol.
Se apegava à qualquer chance de bater um papo com algum dos colegas de trabalho, mas o que me parece é que por lá ela não era das mais interessantes para conversar.
Se segurava firme ao ver o tom alaranjado do céu quando o sol ia se despedindo.
Há algumas estações, esse era o seu momento preferido de todo o dia.
Os pôres do sol eram seus bons acompanhantes.
O sol continua indo embora ao final de cada dia, mas ela, essa menina de quem falo, parece ter tomado um rumo inesperado até por ela própria.
Em um de seus piores dias, olhou para o céu ao cantarolar suas velhas canções tolas e apreciou melancolicamente a revoada que, assim como ela, atravessava as ruas da grande cidade ao final de mais um dia de trabalho.
Desejou ser um deles.
Parou em meio à calçada, e mirou com seus olhos ingênuos seus próprios pés.
Por que diabos eles tinham de ser mais como raízes do que como asas ! Era justo, meu Deus Era justo que essa menina, tão pequena e leve como pássaro e tão sutilmente grande em sua essência, fosse privada de voar Estava fatigada da calçada dura e fria sob os seus pés.
Queria mesmo era o vento forte arrastando seus cabelos vermelhos e machucando com carinho a sua pele cheia de sardas.
Onde é que estava as asas dessa menina, quando o que ela mais precisava era voar para longe Por qual trilha imunda haveria de ter caído suas penas, afinal
E em invernos mais amenos, Aurora tinha descoberto que, se andasse com certa pressa, olhando as nuvens ao invés do chão, poderia ter a sensação de voar.
Sua descoberta, porém, fora útil apenas por alguns segundos, já que a menina tinha pavor de não saber onde pisava.
Era por isso que sempre mirava o chão.
Era por isso que tinha aquela postura cabisbaixa tão questionável não era tristeza, como diziam.
Era medo.
Medo de cair.
Tola! Mas que menina tola! Era por isso que não tinha asas.
Era por isso que não podia voar junto dos pássaros que sobrevoavam sua cabeça a cada dia.
Não é permitido se deixar levar pelo medo quando a ambição é tão grande como voar.
Ah, se tivesse apressado os passos, se tivesse aberto os braços e mirado as nuvens menina, você teria voado para longe! Você teria virado pássaro.

(In)certeza
A incerteza de amar alguém, de percorrer quilômetros no pensamento pela noite, para chegar perto de alguém que nem sentirá jamais a sua presença.
Não sei explicar tamanha idiotice, essa de querer estar perto de um ser tão impossível.
O jeito como nós nos desprendemos de qualquer coisa, mas nos prendemos de novo há algo insignificante, mas por sermos humanos, qualquer coisa nos chama atenção, e realmente não é bem assim.
Temos que mostrar controle com nossas próprias emoções, mesmo sendo impossível, mesmo parecendo cansativo, eu sei que poderíamos, se tivéssemos força de vontade, mas isso é cansativo de mais.
Ler frases e textos de auto ajuda está fora de moda, o que está na moda agora e ler e escutar o que lhe deixa deprimido.
Moda, odeio essa palavra, ela soa como uma incógnita, ela é tão feminista, tão controlada, tão tão, não sei meu Deus.
Muitas vezes eu me peguei pensando em como podemos ter controle sob sua própria mente, tentei meditação, fui em diversas igrejas pra conseguir encontrar a que caberia mais ao meu jeito de pensar, todas as que eu visitei deram em perda de tempo e descobri que gente como eu, devesse ficar somente com suas opiniões, já que a minha por exemplo não se forma a nada.
E então, pra descobrir quem eu realmente sou, precisei de tempo, bastante tempo.
No final dessa experiência fracassada de tentar procurar o meu “eu” encontrei lá no fundo da minha gaveta cérebro uma coisa que jamais tinha parado pra dar um mínimo de atenção, a minha superficialidade, ela sim nunca me abandonou, e então pensei, já que sou uma pessoa altamente superficial em minhas emoções, cogitei a possibilidade de eu ser uma pessoa falsa, mas apesar de eu parecer alguém falso, descobri também que eu era muita nova pra tentar desvendar assuntos sobre mim que adultos com tantos anos de vida nunca pararam pra pensar nisso, e então obviamente desisti.
Um dia quem sabe eu não volte a procurar em algum lugar por mim mesma, a vida é tão desgastante, mexe tanto com a gente, como dizia Clarisse Lispector “nascer me estragou a saúde”
E a gente tem que sempre seguir esta risca, de que o mundo é tão pequeno e que o seu verdadeiro amor pode estar ali em baixo, no primeiro andar da onde tu mora, ou ser teu vizinho, mas se parássemos pra procurar quem realmente iria nos fazer feliz, iriamos ser uns idiotas, porque amor não se procura, deixa ele aparecer assim do nada, te deixando com um sorriso bobo e com aquela cara de quem viu um anjo.
Mas como eu não sou romântica mentira nem nada, quero mandar um recado para o meu cupido vesgo e doente mental.
Querido cupido, sei que você não gosta muita da minha pessoa, mas só queria dizer e pedir, implorar para que pare de ficar só em casa e trabalhe logo, me ajuda, se encarregue de por alguém logo na minha vida, porque realmente estou exausta, cansei de procurar por nada, nada funciona.
Sei que isso soa como idiotice, mas é bem assim que eu sou, uma grande roda gigante, de sentimentalismos, de amor, de esperas, de procura ásperas e desertas, estou querendo finalmente pensar em algo que me fará bem, e não só tristeza, tristeza, tristeza.
O mundo é tão desgastante afinal, e eu sou tão criança, ainda pra tentar pensar nisso, não é mesmo .

Eu, descrevendo eu mesma.
Vou indo então assim mesmo, sem frescuras, ou modéstias, vou indo assim mesmo sem vergonha na cara, sem modéstias, fria, sem amor, sem o teu amor, sem o nosso amor.
Vou sem nada, só com Deus; sem Deus pois não creio nele, alias, me odeio por não crer em absolutamente nada, me odeio por ser tão crítica, por ser tão desconfiada, por só acreditar no visível, por ser só isso que sou, nada alem disso, sou o tédio em forma de gente, ou melhor, em forma de animal, pois se tu for parar pra pensar, é isso que somos; animais, somos animais da pior espécie.
Bom, disse que já estava indo, mas resolvi sentar e esperar por criaturas que me deixem ser livre, estou esgotada de mim mesma, estou depressiva pelo mundo, e pelo seus abitantes, estou decidida, não vou te ligar, não vou esperar.
Mudei de ideia, vou indo, não vou esperar nenhum detalhe, estou sóbria, sóbria de mim mesma, sobras de um sonho literário, todo escritor quer uma crítica bendita.
Toda Eu quer um amor sem rotina.
Acho que vou esperar, vai que nessa espera alguém não chegue me dando boas vindas, me mandando flores, ou me trazendo um jardim inteiro.
Espero pois sem a espera não é vida, então antes que eu resolva parar de esperar, vou embora.
Não entendo a maioria das coisas que escrevo, faz tempo que eu me desencontrei.
Faz anos em que eu me escondi e me privei de mim mesma, a verdadeira Eu senti muito, sente demais, sente muito mesmo.
Vou indo embora desse lugar onde não passa gente, só uns fios de cabelo voando soltos no ar, apesar de achar que esse é o melhor lugar do mundo, vou indo, o cotidiano me espera.
Odeio ser de gêmeos, mudo tanto de ideia, e comportamento, e vícios, e deslumbres.
Odeio ser só eu, a desinteressada por tudo, a brutal amiga da onça, a pessoa que venera o impossível, mas que infelizmente só acredita no visível.