A experiência é uma coisa muito interessante.
É nos servindo dela que aprendemos grande parte daquilo que sabemos; por ela orientamos, muitas vezes, os nossos passos; com ela evitamos a repetição de dissabores e procuramos aquilo que já sabemos ser bom.
A experiência poderia servir para que a nossa vida fosse muito mais previsível e controlável, mais cômoda e segura, livre de problemas.
Uma chatice, enfim Felizmente, a natureza possui aspetos desconcertantes que têm o condão de permitir que, apesar de existir a experiência, a nossa vida seja em cada um dos seus momentos uma aventura louca e sem destino previsível.
Um deles é que a experiência que adquirimos numa fase da nossa vida não nos serve de nada quando chegamos à fase seguinte.
Apesar da experiência que vamos adquirindo, chegamos, a cada uma das nossas épocas, inexperientes e inseguros como da primeira vez.
A vida, na sua magnífica diversidade, vai nos oferecendo constantemente novas situações, para as quais nunca estamos verdadeiramente preparados.
Algumas são duras: um fracasso grande, uma doença que veio para ficar, a morte de alguém que nos faz falta Estas limitações da experiência nos forçam a crescer continuamente; nos mantêm tensos, esforçados.
Permitem que tenhamos constantemente objetivos diferentes.
Dão colorido à nossa vida.
É assim que nos podemos manter de algum modo jovens em qualquer idade.
Quem programou este jogo da vida o fez de forma a que ele tivesse sempre interesse.
Subimos de nível, saltamos do material para o espiritual, varia o grau de dificuldade, mudam os adversários e o ambiente como nos jogos electrônicos Não somos poupados a sofrimentos, mas nos é dada a possibilidade de reagir e continuar a avançar.
Se temos saudade do que ficou atrás, também nos é permitido sonhar com o que está adiante.
Se conservamos o sabor de derrotas que tivemos, também planeamos a vitória que se segue.
No jogo da vida, as derrotas deixam marcas, as feridas fazem mesmo doer, muitas vezes não recuperamos aquilo que perdemos.
Estamos ancorados à realidade e, por isso, para nos divertirmos, para nos sentirmos como aventureiros no meio de tudo isto, temos necessidade de coragem.
E de não calarmos aquilo que dentro de nós nos chama a um sonho, clama por aventura, pede para fazermos com a vida qualquer coisa que seja grande.
Poderíamos dar ouvidos ao medíocre que quer se instalar em nós.
E evitar, por medo e preguiça, as dificuldades, as complicações, o sonho.
Mas "evitar o perigo não é, a longo prazo, tão seguro quanto se expor ao perigo.
A vida é uma aventura ousada ou, então, não é nada".
(Helen Keller)
(Shvoong)