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Textos de Coração Partido

Não preciso de você, mas preciso
– Estamos separados.
Foi a primeira coisa que ela me disse às cinco da manhã quando me ligou chorando.
Se o problema era um coração partido, saberia com o tempo construir um mosaico.
– Quando você amar, não precise dele.
Foi o que ela me disse ainda frustrada com o fim.
– Ame o, mas sob nenhuma hipótese precise dele.
Ela completou.
Os conselhos que ela me deu em um momento de dor me fizeram ver que o amor não pode ser essa coisa egoísta que a gente vive fazendo questão de inventar apenas para nutrir uma necessidade; eu te amo porque desprezo a solidão, te amo pois você é o motivo dos meus sorrisos, te amo porque você cuida de mim.
Quer coisa mais egoísta
Amar deveria ser um acontecimento natural que nos torna melhores, pois passamos a acontecer mais intensos a partir do outro; você cuida de mim e isso é bom, mas eu te amo por tudo o que somos quando estamos juntos.
Você me faz rir e isso me entorpece, mas eu te amo por todos os sorrisos que você permite que eu arranque de você.
Você me resgatou de uma solidão desastrosa, mas eu te amo porque você escolheu ficar mesmo tendo infinitas possibilidades de ir.
Afinal, eu não preciso de você, mas preciso.
Preciso de você falando da beleza das minhas pernas enquanto me enxugo.
Não por vaidade, mas pela certeza de que você escolheu parar com os seus olhos em mim enquanto todos os outros me olharam depressa demais.
Eu não preciso de você, mas preciso.
Preciso de você fechando a cara para todos os meus argumentos desaforados.
Não por petulância, mas por liberdade de saber que você me reconhece e me aceita até nos dias de azedume bravo.
Eu não preciso de você, mas preciso.
Preciso de você sorrindo quando eu chego.
Não por me sentir centro da sua felicidade, mas por entender que a minha presença também pode ser um bálsamo.
Eu não preciso de você, mas preciso.
Preciso de você contando os seus segredos.
Não por me sentir seu confidente, mas por desfrutar do conforto que é reconhecer me um porto.
Eu não preciso de você, mas preciso.
Preciso de você mentindo sobre a minha nocauteante beleza.
Não para alimentar meu ego, mas por avaliar a graça que é saber se bonito aos detalhes, mesmo por trás de um sorriso torto.
Eu não preciso de você, mas preciso.
Preciso de você me dizendo o quanto também aprendeu comigo.
Não por alimentar algum ar de superioridade que eu possa vir a ter, mas por saber que eu também posso te fazer bem, mesmo que esse bem seja infinitamente menor do que o bem que você me faz.
– Quando você amar alguém, não precise dele.
Foi o que ela me disse ainda frustrada com o fim.
– Tarde demais, eu já preciso.
Foi o que eu disse a ela antes do café manhã, depois daquela separação.

Então me deixa ser claro e te explicar uma coisa: corações partidos são reparados com o tempo, com o acaso, com técnicas que a gente nem sabe se funcionam, mas tenta.
Acho que na verdade eles se curam da tentativa.
Ou nunca curam, a gente que consegue mentir bem pra gente e acredita.
Cê mente bem Mente pra si, mas não tenta mentir pra mim porque eu quero ajudar.
As coisas aí dentro tão meio dilaceradas, tua bússola não funciona mais, não dá mais pra apontar pro norte.
Então vai pro sul.
Vai sentir algo gelado, frio, que peça abrigo e não dê.
Sente um pouco do escuro, chora, vai, chorar faz bem e lava o rosto, deixa tuas marcas nas olheiras e põe pra fora.
Eu acho que a gente não cura, a gente drena.
Drena a tristeza e drena todo o resto até perceber que secou e pronto.
Depois de secar, você volta aqui e me diz que não arde, mesmo que esteja ralado.
Me diz que montou a bússola no sul e que aquilo lá virou um norte.
Isso acontece muito, essa coisa da gente se reinventar, se realinhar, se descobrir do avesso.
E faz bem porque a gente explora o tato no escuro.
A gente explora os sentidos e põe o instinto pra funcionar mais do que o pobre coração.
Dia desses você volta e redescobre esperança no meio da dor.
E me conta que era impossível ter visto antes porque a gente não enxerga bem quando é escuro.
Me diz que não sabe pra onde ir, mas que agora a sensação é diferente: você quer ir.
Talvez queira ir pra um lugar que não parecia claro, exato, bacana ou coisa e tal.
Mas as suas coordenadas mudaram, tua tatuagem é outra, teus modos descobriram um novo jeito depois de drenar a angústia de um coração partido no passado.

Das partituras aos corações partidos.
Cada letra de música de um compositor mais antigo reunia desejos, sentimentos e pensamentos de diferentes pensadores.
Era como se um só ser canalizasse todo a memória coletiva de uma sociedade.
Quando ouvíamos um som conseguíamos ver várias facetas do pensar humano.
Desde a alegria até a tristeza.
Desde a saudade até a esperança.
Desde o vazio até o transbordante.
Politicamente foram incontestáveis.
A dualidade do fazer ouvir e pensar nos instigava.
Nos espelhávamos nos gênios da música popular brasileira e do rock dos anos 80/90 e logicamente havia grande identificação e sinergia.
Eram músicas com viés sócio educacional, cultural e de exploração de várias possibilidades existenciais.
Ficávamos fortes ouvindo essas músicas que eram verdadeiros hinos de consciência.
Nisso eu insisto.
Foi um tempo bom.
A boa música e a poesia aliadas à reflexão das letras de antigamente nos elevavam para outros patamares.
Infelizmente não se escrevem mais letras como antigamente.
Felizmente ainda guardamos no vinil as melhores reflexões poéticas desse Brasil varonil.
Algumas podemos encontrar até no youtube.
Viva a Música Popular Brasileira.
Viva essa gente que escreveu e cantou nossa história.
Viva os compositores musicais brasileiros.
E fez com que deixássemos de seguir sem lenço e sem documento.
Mesmo hoje estando com o coração partido.
Afinal, por que não se faz mais tanta música nobre como antigamente