( ) Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.
Mas todas suas iras são de amor;
todos estes seus males são um bem,
que eu por todo outro bem não trocaria.
Se noutro corpo uma alma se traspassa,
Não como quis Pitágoras, na morte,
Mas como quer Amor, na vida escassa
Verdadeiro valor não dão à gente;
Essas honras vãs, esse ouro puro
melhor é merecê los sem os ter
que possuí los sem os merecer.
O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto de neve fria, e em mim converte em choro um doce canto.
E afora este mudar se a cada dia, outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soia.