UMA CARTA PARA TODAS AS MENTIRAS
Quando era mais nova e inocente, não poderia acreditar que anjos, papel Noel e santos não existiam.
Acreditava fielmente em tudo que, infelizmente não podia tocar, sentir ou ver.
Não sabia o que era comprovação e como elas podiam chegar até mim, mas acreditava nas pessoas que me contavam histórias extraordinárias sobre duendes, fadas, cavalos sem cabeça, e boto cor de rosa.
Não tinha uma tarde que não abria um livro da minha mãe na época de sua faculdade, que não viajava sobre os desenhos e as histórias que ali estavam escritas.
Me interessava por mapas e tudo, que pudesse fluir a minha imaginação.
Poderia ficar horas olhando para céu, ou até mesmo horas sentada com um livro, sem ao menos entender o seu contexto, mas eu sabia que nele contava histórias assombrosas, e que mamãe e papai de forma alguma permitia que abrisse.
Época de Natal era sempre alegria, havia presentes debaixo da cama e realizações de desejos pequenos e significativos.
Os primos se reunião e brincavam com os presentes que tinham ganhado na madrugada, mas em hipótese alguma podíamos e nem ao menos sabíamos questionar, sobre como e quem poderia ter nos dado.
Foram as melhores mentiras que puderam inventar em toda a vida.
Não pelos presentes, muito menos pela ação capitalista que datas especiais sofrem e são aproveitadas, mas simplesmente pelo sorriso no rosto, pelo sorriso no rosto de cada criança que, não conhece a dimensão do mundo e acha que sua extensão é simples.
Que todas as mentiras sejam bem contadas, que todos os sonhos sejam bem pedidos e que para cada alma que acredita fielmente nos significados que as experiências passam a ter em cada vida, um cuidado extra.
Cuidado para não se machucar, construir cicatrizes ou feridas incuráveis, por que mentiras geram consequências.
Hoje não mudou muito de quando era criança para minha quase fase adulta.
As coisas que antes tinham um significado que abria sorrisos, hoje os significados precisam ser mantidos para não se transformarem em lágrimas.
Todo mundo um dia, irá se ausentar, pela eternidade, e não importa o legado que você deixe, pois ainda é ambíguo e felizmente compreendido que tudo que tem vida, um dia perde, e entre o nascimento e a morte, no meio temos total controle sobre nossas ações, mas não podemos controlar o tempo.
Viva cada dia como se todas as alegrias fossem a qualquer momento se transformar em mentiras, leia cada história como se fosse um tesouro a ser alcançado e viva intensamente cada dia como se fosse o seu último, por que o tempo passa e nada nos restará.
Por um dia tente se livrar de preconceitos e não pense que esteja sendo julgado pelas outras pessoas, por que tudo, um dia se perde.
As águas ficam escuras, os lagos secam, as luzes se apagam.
Então
Valorize as pessoas que te amam de verdade.