[A Carta]
Quando completei quinze anos, meu compenetrado padrinho me escreveu uma carta muito, muito séria: tinha até ponto e vírgula! Nunca fiquei tão impressionado na minha vida.
SEMPRE QUE CHOVE
Sempre que chove
Tudo faz tanto tempo
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1779!
Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas.
Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha,
nem desconfia que se acha conosco desde o início
das eras.
Pensa que está somente afogando problemas
dele, João Silva Ele está é bebendo a milenar
inquietação do mundo!
[A Arte de Ler]
O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha.
Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.