AS MAZELAS DA ESCOLA CONTRA CULTURA
Demétrio Sena, Magé RJ.
Precisamos vencer essa cultura perversa e velada de que a escola é apenas uma jaula de conhecimentos formais cristalizados para fabricar tão somente futuros profissionais.
Da mesma forma, é preciso vencer a ideia de que a escola só deve permitir aos seus alunos, pelos menos em suas dependências, o acesso restrito aos livros didáticos e paradidáticos rigorosamente monitorados pela burocracia do mercado educacional.
Por que razão ninguém sabe, a escola tenta fazer com que o aluno seja o único a não saber que a literatura fervilha com novidades.
Que as artes ganharam caras e nomes novos.
A música se vestiu de novos ritmos.
O mundo se democratizou nos campos da cultura geral.
Parecem o fim dos tempos, estes em que a escola, que deveria formar cidadãos conscientes, é uma das mais notórias ferramentas anticidadania de que se dispõe.
Os burocratas da educação se tornaram auxiliares eficientes do poder público, na missão de alfabetizar sem aculturar; modelar ovelhas sociais, para que as ditaduras vindouras não encontrem resistências como no passado.
Afinal,os ditadores que toleram a pseudodemocracia dos nossos tempos não querem mais conviver com gênios esquerdistas; mártires de oposição; mestres do inconformismo; pessoas capazes de levar o povo a pensar novamente.
É assim que vejo a escola contemporânea, pública ou particular, de nossos filhos crianças ou adolescentes:Oficinas de andróides bem ou mal equipados, com chips de baixa ou alta intelectualidade, mas com algo em comum:feitos para obedecer, mesmo quando pensarem que se rebelam; para se autodestruírem,ainda que julguem lutar contra um sistema que nunca estará fora.
Estará dentro deles, e terá sido instalado pela escola se depender só dela.