É uma dor tão recorrente na vida de tantas mulheres e tantos homens, é assunto tão reprisado em revistas, é um sofrimento tão clássico e narrado em livros e filmes e canções, que mesmo que eu não lembrasse, lembrariam por mim.
É uma dor que se externa.
Uma dor que se chora, que se berra, que se reclama.
Uma dor que tentamos compreender em voz alta, uma dor que levamos para os consultórios dos analistas, uma dor que carregamos para mesas de bar, e que vem junto também para a solidão da nossa cama, para o escuro do quarto, onde permitimos que ela transborde sem domínio e sem verbo.
A dor massacrante do abandono, da falta de telefonemas, da falta de beijos, da falta de confidências.
No entanto, perde se o homem, perde se a mulher, mas o amor ainda está ali, mesmo sendo o deflagrador do vazio.
Por estranho que pareça, há uma sensação de pertencimento, algo ainda está conosco.
A saudade é uma presença.
Então vem a etapa seguinte.
Essa não é tão divulgada, tem se por ela mais respeito e menos informação, pois é vivida em silêncio.
O que acontece é que tem uma hora em que ninguém mais aguenta ouvir a gente entoar nossa sina, lamentar nossa má sorte, procurar explicações sem fim.
É quando a gente se dá conta de que já abusou da paciência dos amigos, dos familiares, e cala.
Sofrimento cansa.
Não só cansa aquele que sofre, mas cansa aqueles que o assistem.