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Poemas de Compreensao

Capítulo VIII Razão contra Sandice
JÁ O LEITOR compreendeu que era a razão que voltava à casa, e convidava a Sandice a sair, clamando, e com melhor jus, as palavras de Tartufo:
La maison est à moi, c´est à vous d´en sortir.
Mas é sestro antido da Sandice criar amor às casas alheias, de modo que, apenas senhora de uma, dificilmente lha farão despejar.É sestro; não se tira daí; há muito que lhe calejou a vergonha.
Agora, se advertirmos no imenso número de casas que ocupa, umas de vez, outras durante as suas estações calmosas, concluiremos que esta amável peregrina é o terror dos proprietários.
No nosso caso, houve quase um distúrbio à porta do meu cérebro, porque a aventícia não queria entregar a casa, e a dona não cedia da intenção de tomar o que era seu.
Afinal, já a Sandice se contetava com um cantinho no sótão.
_Não, senhora, replicou a Razão, estou cansada de lhe ceder sótãos, cansada e experimentada, o que você quer é passar mansamente do sotão à sala de jantar, daí à de visitas e o resto.
_Está bem, deixe me ficar algum tempo mais, estou na pista de um mistério
_Que mistério
_De dois, emendou a Sandice; o da vida e o da morte;peço lhe, só uns dez minutos.
A Razão pôs se a rir.
_Hás de ser sempre a mesma coisa sempre a mesma coisa sempre a mesma coisa
E, dizendo isso, travou lhe dos pulsos e arrastou a para fora; depois entrou e fechou se.
A Sandice ainda gemeu algumas súplicas, grunhiu algumas zangas; mas dessenganou se depressa, deitou língua de fora, em ar de surriada, e foi andando
Memórias Póstumas de Brás Cubas.