Limite Branco
Tem sido tudo muito fácil para mim, fácil demais.
Às vezes desejo ardentemente que aconteça urna desgraça, uma catástrofe que me jogue ao nível do chão, para me obrigar a despir as máscaras, o falsos gestos, as falsas palavras.
Uma coisa que me torne ínfimo, ainda mais confuso e só do que sou, que me deixe a sós comigo mesmo, nu, na frente de um espelho, a investigar a minha verdadeira condição.
Então eu saberia, pela primeira vez eu poderia saber.
Então viria a solução final, definitiva.
Levantar me aos poucos, como um pó de vento, lentamente crescendo, incorporando outros seres a mim, e girando, girando sempre, tornar me tormenta, furacão, vendaval, terremoto, cataclismo.
Ou me dissolveria em poeira à primeira brisa que soprasse quem sabe