TEMPO DE PAZ
É necessário que se lembre de tudo
A todo tempo tudo seja lembrado,
O levante das mãos, o último abraço,
O primeiro sorriso aberto no mundo.
É preciso de nada se esquecer,
De se trancar a casa quando vai sair,
De se abrir a porta quando é para entrar,
Da rosa pesada que entortou o galho.
É imprescindível a todo momento se estar atento
Não só aos perigos que vazam dos jornais,
Nem às reticências que alguém tem
À tua pessoa e a outras,
Não aos espinhos que protegem flores,
Permanecer vigilante ao amor deserto,
O que necessita, a lágrima certa,
Aos necessitados também do teu amor,
Do amor que ferve, do que se aquieta
No fundo, acomodado.
Os necessitados, os fugitivos de seus amores,
Perseguidos ainda, e ainda com dores,
Dos malefícios de outrem, o infortúnio da diferença,
Que há olhos que vêem
É preciso estar atento aos teus,
Que pra tudo há tempo, amor e lugar,
De repor o mundo, a dor, de procriar,
De estreitar se a cama com um só cobertor,
Esses cuidados todos que Deus nos delegou.
Se fores infértil, que não seja de amor,
Pois não fará falta um filho
Que poderão ser teus outros estéreis de pais,
É preciso estar atento, o tempo é de paz.