Só uma coisa a favor de mim eu posso dizer: nunca feri de propósito.
E também me dói quando percebo que feri.
Mas tantos defeitos tenho.
Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa.
Embora amor dentro de mim não falte.
Vivo de esboços não acabados e vacilantes.
Mas equilibro me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus.
Por dentro eu sempre me persegui.
Eu me tornei intolerável para mim mesma.
Vivo numa dualidade dilacerante.
Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim.
Só a necessidade que eu tenho me justifica.
Que seria de mim se eu não precisasse
Que seria de meu corpo se não houvesse
o aviso da fome Que seria de mim se não
houvesse o futuro Que seria de mim se eu
não precisasse de Deus
In:"Esboço para um possível retrato"
“Isso vem se tornado uma maldição que carrego comigo todas as noites que me deito na cama, sozinha com meus pensamentos.
Já amanhã levantarei sorrindo, colocarei belas roupas, usarei uma ótima maquiagem e tudo passará despercebido aos olhos de todos, menos a mim.”
Primeiro, preciso convencer a mim mesma de que sou uma pessoa.
Depois, talvez eu me convença de que sou uma atriz
Odeio o privilégio e o monopólio.
Para mim, tudo o que não pode ser dividido com as multidões é tabu.