Um amigo me chamou para ajudá lo a cuidar da dor dele.
Guardei a minha no bolso.
E fui.
Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim.
Raras são as pessoas que têm caráter suficiente para se alegrar com os sucessos de um amigo sem ter uma sombra de inveja.
Soube tocar o coração do seu amigo até atingir as cordas mais profundas e suscitar nele a primeira sensação, ainda indefinida, daquela melancolia eterna e sagrada que uma alma escolhida, uma vez tendo a experimentado e conhecido, nunca mais trocaria por uma satisfação barata.
Dói quando vemos um amigo chorando porque conhecemos sua jornada, os caminhos pelo qual ele percorreu e as dores que suportou.
Dói porque a gente aprende a dividir nossas vidas um com o outro.
Dói porque cada lágrima que cai de seu olho é como um tapa que dão em nossa cara.