O homem não pode desejar nada, a menos que antes compreenda que ele só pode contar consigo mesmo; que está sozinho, abandonado na Terra, sem outros objetivos a não ser os que ele mesmo estabelecer, sem outro destino a não ser o que ele forjar.
O em si é pleno de si mesmo e não se poderia imaginar plenitude mais total, adequação mais perfeita do conteúdo ao continente: não existe o menor vazio no ser, a menor fissura por onde se pudesse introduzir o nada.
Para que o acontecimento mais banal se torne uma aventura, é necessário e suficiente que o narremos.
É preciso explicar por que o mundo de hoje, que é horrível, é apenas um momento do longo desenvolvimento histórico e que a esperança sempre foi uma das forças dominantes das revoluções e das insurreições.
E eu ainda sinto a esperança como minha concepção de futuro.
Um homem é sempre um contador de histórias.
Ele vê tudo que lhe acontece através delas.
E, ele tenta viver a sua vida, como se estivesse contando uma história.
O homem não é de modo nenhum a soma do que tem, mas a totalidade do que não tem ainda, do que poderia ter.
E, se nos banhamos assim no futuro, não ficará atenuada a brutalidade informe do presente