Em vez de comprar lhe algo que você gostaria de ter, estou lhe dando algo que é
meu, realmente meu.
Um presente.
Um sinal de respeito pela pessoa diante de mim,
pedindo que ela compreenda o quanto é importante estar ao seu lado.
Agora ela tem
consigo uma pequena parte de mim mesma, que entreguei de livre e espontânea vontade.
Ralf levantou se, foi até a estante e voltou com um objeto.
Estendeu o para Maria:
Este é um vagão de um trem elétrico que eu tinha quando era menino.
Não tinha
autorização para brincar com ele sozinho, porque meu pai dizia que era caro, importado dos
Estados Unidos.
Então, só me restava esperar que ele tivesse vontade de montar o trem no
meio da sala, mas geralmente ele passava os domingos escutando ópera.
Por isso, o trem
sobreviveu à minha infância, mas não me deu nenhuma alegria.
Lá em cima tenho guardado
todos os trilhos, a locomotiva, as casas, até mesmo 0 manual; porque eu tinha um trem que
não era meu, com o qual eu não brincava.
"Oxalá tivesse sido destruído como todos os outros brinquedos que ganhei e de que
nem me lembro, porque esta paixão de destruir faz parte da maneira como a criança
descobre o mundo.
Mas este trem intacto me lembra sempre uma parte da minha infância
que eu não vivi, porque era preciosa demais, ou trabalhosa demais para o meu pai.
Ou
talvez porque, cada vez que montava o trem, tivesse medo de demonstrar seu amor por
mim."