amar te, assim, perdidamente
como quem espera o trem que não chega
Amar te
é como ouvir que é filósofo
e poeta
aos ouvidos parecendo prepotente
sendo que é dor
mas sim, assim, devagar
amar te
é viajar numa canoa furada
pintada de flores murchas
sobre o Amazonas
Mas ser salvo
por um pedaço do Sol
sorrindo e queimando os dentes
acendendo cigarros na fagulha
amarelando os dedos
e se embriagando num temporal de saudade
Amar te, assim, perdidamente
é se encontrar num labirinto
feito pelos teus fios de cabelo
É ser parte da cocaína de Freud
e um rato perdido
de Skinner
sobretudo
amar te
é dormir nos braços de Pã
ser acordado por Pandora
e sangrar, todo dia
sendo guiado por Ares.
Amar te
é assim
um pouco quase
distante e longínquo
mas amor
e indizível.