Vim ao mundo para questionar.
Para me entender.
Para ser feliz.
Por isso, escrevo.
Palavras são minha terapia.
Meu remédio.
Meu ponto de fuga e encontro.
Na arte, eu me busco.
É lá que eu sempre estou.
Procurando o verbo, indagando a letra, consolando a frase que chegou ao fim.
Quer me conhecer Me encontre naquele romance antigo, segundo parágrafo, mostrando que a solidão não deve se atravessar a sós.
Talvez eu possa – e isso é quase certo – me mudar pros tons daquela bela música e por lá ficar: “feita de luz mas que de vento” Ah, me desculpem os Jungs, Freuds e Lacans.
Mas Chico Buarque me entenderia! Alguns artistas – e nisso incluo poetas, músicos e demais sonhadores parecem conhecer a fundo a alma humana.
Quando falam de si, mostram um pouco também de nós.
Quem nunca pensou, ao menos por um segundo: essa canção foi feita pra mim Eu já me apropriei de centenas de músicas (com o devido crédito ao autor, é claro), que dizia serem "minhas".
Naquele momento, elas e só elas pareciam entender o que eu sentia.
Letra por letra.
Rima por rima.
Em cada nota, um espanto.
E uma sensação de pura comunhão com o mundo: é, eu não estou sozinha.
A arte também foi feita pra unir.
Pra protestar.
Para seduzir.
Por isso, passo a vida escrevendo.
Lendo.
Garimpando frases.
Buscando o verso certo.
A estrofe perfeita.
Ou um conhecimento maior sobre mim mesma.
Se estou conseguindo Não sei.
A arte nem sempre é bondosa.
Um dia nos pega no colo e, no outro, nos faz enxergar o que ainda é difícil de ver.
Mas tudo bem.
Enquanto houver um poema pra nos consolar e uma boa canção pra nos comover, "a gente vai levando"."