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Ensinamentos Vida

Das conversas mantidas na redação Não se trata de um resumo do que ali foi cogitado.
Tomei parte em várias dessas conversas.
Em alguns casos, concordei; em outros, discordei; por maioria de vezes, apenas ouvi.
Depois, com calma, reflito, anoto no papel.
De diferentes pessoas a conversas, cada um contribui com o que pode e cada qual aprende o que julga interessante.
Há, obviamente, paralelismo de opiniões, discordâncias e, também, como disse, os que apenas ouvem para avaliar, depois, o que de útil extraíram ou fixaram.
Em que pesem as diferenças econômicas, culturais ou estéticas, o que se pode afirmar é que, numa redação, todos se nivelam.
Assim, seja visitando a redação ou indo trabalhar, governadores, desembargadores, médicos, bancários, jornalistas, escritores, independente da pauta que irá receber, você poderá cambiar amizades, trocar informações e avaliações, de modo que, em verdade, todos saem lucrando; uns, pelo prazer de ensinar ou atualizar seus brilhantes métodos jornalísticos, outros pelo gosto de aprender em escola gratuita e aberta.
Estou sempre neste último grupo.
Os mais velhos vão compreendendo novos hábitos, dando em troca a experiência de vida e de profissão que, certamente, sem ela nenhum jovem sairia do lugar.
Conclui se, pois, que não basta ler bons livros ou ouvir notáveis conferências, o importante, também, é conversar.
Trocar ideias, transmitir, assimilar e, mais importante ainda, passar para o papel e mostrar as outras pessoas seus conceitos, suas colocações e críticas, ou seja, o jeito que cada um tem de interpretar a época em que vivemos.
Isto sem timidez ou modéstia exagerada.
Mas, também, sem postura de doutrinar.
Ninguém mais tem paciência com isso ou gente assim.
É, de se lembrar, sobretudo, que não há sábio que não tenha algo a aprender e que.
em contrapartida, ninguém é tão ignorante que não tenha qualquer coisa interessante para mostrar, contar e transmitir.
A assimilação e a reflexão sobre as experiências da vida, por vezes, independem do grau de cultura de que as pratica.
Como conversamos sobre política, fisiologismo, segurança, música, religião, artes, situações cômicas, anedotas, dieta, saúde, doenças, vida conjugal, traição, felicidade, enfim, como trocamos ideias sobre o cotidiano, segundo a interpretação que cada um dá ou expõe, qualquer coisa que se passa para o papel sobre esses assuntos tem validade no que tange ao objetivo visado pelo jornal.
Sobre mim, sou aluno assíduo e, embora sem muita aplicação e nenhum prestígio, tento mostrar aos mestres de verdade que ali dão aula, que, pelo menos, sou atento.
Como os jornalistas de de alma, Vivo sob efeito latente da perda.
Qualquer matéria publicada é um morto vivendo em minha saudade.
Ah, se eu fosse um cronista ou um poeta, e não um jornalista.
Aí sim as mais belas páginas de louvação ao que vai de encontro com tudo o que falo.
Pretensiosamente, ombreei me a eles no que tange a inspiração.
Afinal, nenhum amor pode ser maior do que o nosso, para gente.
Afinal, nenhum amor pode ser maior do que o meu, que está vencendo a morte.
Daí, a cada dia, a tentativa de mostrar, em dizer poético, o que ainda sinto pela profissão.
Mas, o que vale, ao fim de tudo, é aceitar a correção dos que sabem mais ou deles colher a concordância sempre benéfica, agradável e animadora.

Comprei um jogo de tabuleiro pra minha filha porque ela ainda é criança! Ela, gente boa como é, desceu e levou pro play pra jogar com outras crianças.
Elas foram aparecendo, fazendo a roda e um deles sentou com um iPad na mão.
Valentina perguntou: “ei, você que tá também aqui com o tablet! Quer jogar meu jogo novo que meu pai me deu ! ” E o garoto respondeu: “não não, só estou sentado vendo, porque não jogo jogo idiota, estou jogando no meu iPad! ” Bom, percebi que Valentina ficou com o olho cheio de água olhando o iPad e o tabuleiro.
Apesar da vontade de espatifar a cabeça dele no fundo da piscina e não deixar nunca mais respirar, não me meti porque o papel do pai é preparar os filhos pro mundo.
Hoje foi a primeira vez na vida que eu senti essa sensação como pai, e na hora que eu segurei pra não me meter, entendi como era doloroso pro meu pai me falar lá atrás que a vida ia me machucar pra eu entender.
Tudo fez sentido agora.
Eu fiquei de longe observando como ela iria lidar com isso e pensando no meu pai.
As outras crianças entraram no jogo do tabuleiro.
Quando acabou eu sugeri brincar de monstro, eu seria o monstro, e correria atrás das crianças.
Foi quando o menino levantou e gritou: “hei gente, eu corro muito mais rápido do que o monstro, eu vou participar.” Foi quando Valentina disse: “pai, ele não pode participar”.
Respondi: “ por qual motivo filha! ” E ela respondeu: porque a gente não brinca com criança idiota pai”.
E aí vem a vida: o menino gritou que ia brincar sim, e olhou pra mim, eu fiquei em silêncio da mesma maneira que fiquei em silêncio quando foi dele pra ela.
Não me meti no fora que ele deu nela, sofri, e não me meteria também no que ela deu nele.
Ali pensei em acabar com isso e colocar ele na brincadeira a força pra ela aprender a ser superior.
Mas ela talvez não entenderia e seria muito injusto, não gostaria que meu pai fizesse isso comigo.
Resultado, mais uma vez observei calado, deixei que a vida e os dois resolvessem no meio da garotada todo impasse entre os dois.
Resultado: o menino gritou que ia participar sim e me olhou mais uma vez, e eu fingi que não era comigo; ele, por sua vez, saiu chorando, pois as outras crianças mandaram ele ficar com o iPad sem Valentina dizer mais nada e disseram que não queriam brincar com ele.
Raivoso e mimado como deve ser, foi embora chorando e tropeçou, o iPad caiu no chão e quebrou a tela, rachou! E aí vem Valentina e diz depois de cinco horas lanchando, quando eu nem mais lembrava disso: “Pai, estou muito feliz! ” E eu: “Como assim filha! ” E ela: “você não viu papai, Deus ficou do meu lado hoje.” Agora vem um desafio pro pai pra amanhã: ensinar que o senso de justiça traz felicidade, mas que o de vingança não.
E que amanhã os dois podem brincar normalmente.
Que é um novo dia.
Nossa, ser pai é um desafio incrível! O mais difícil da minha vida.
É muita responsabilidade.
Não a financeira, mas a ética, cívica e moral.
Não podemos falhar.
Às vezes entro em crise de preocupação.
A vida é muito difícil, muito dura.
E assim também será com ela, que eu tanto amo.
Que sentimento esse que a gente não esquece um minuto do dia: preocupação eterna com os filhos.
É real.