Cavalheirismo interesseiro
Saindo da casa da minha namorada, que agora é ex namorada, isso faz uns três meses, eu acho, fui dar uma passada na praça, coisa que não fazia havia tempo, por causa das repressões do namoro.
No caminho encontrei uns amigos e a Margarida.
Eu não tinha nada com a Margarida, muito menos imaginaria ter algum dia.
Passei apenas pra dar um alô, e já me despedi e Margarida foi comigo até a praça, paramos numa lanchonete, ela não queria comer, ficou fazendo me companhia enquanto eu comia.
Tivemos uma conversa muito agradável, embora eu não me sinta bem quando estou comendo e conversando com alguém.
Tenho medo da imagem bizarra das minhas mastigações e minhas abocanhadas no sanduíche, isso é muito pessoal.
Mas eu gostei muito da doçura, da inteligência e da sensatez daquela menina, mas logo vinha à minha mente a lembrança do meu compromisso de namoro.
Meu último ônibus era às vinte e três horas, e trinta minutos, e já eram vinte e três e vinte minutos, ou seja, eu tinha ainda dez minutos até o ônibus aparecer.
Ela decidiu ir embora também, não havia mais quase ninguém na praça.
Margarida morava ali perto, eu poderia acompanhá la até em casa, mas mesmo que eu voltasse correndo pro ponto passariam os dez minutos.
Eu poderia ir andando pra casa, mas demoraria quarenta minutos, e eu tinha namorada, portanto o cavalheirismo não valeria à pena.
Tchau Margarida, obrigado pela companhia.
Obrigado você, boa noite!
Um mês depois eu estava solteiro, e apaixonado por Margarida, e ela nem olhava mais pra mim.
Maldito cavalheirismo interesseiro!