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Bateria

Minha gafe com o fedorento.
Eu fui à minha médica fazer aquela bateria de exames.
Do tipo que se você puder, todo ano, deixa para o dia 29 de fevereiro.
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Chego em casa e a secretária dela me liga para avisar que eu tinha que passar lá novamente, pois minha querida médica havia errado um pedido.
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_ Ahhh! Como é bom ir ao médico! Na minha cidade então nem se fala.
O que não falta em Goiânia é sombra e estacionamento.
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Lá vou eu.
Cruzo a cidade.
Acho uma vaga.
Estaciono com uns 36 graus Celsius do Cerrado, com a umidade relativa, agradável, de 10% e ando até a clínica.
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Adentrando a, me deparo com vários pacientes de cara de “jurubeba na conserva”.
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_ É! Quem fica de bom humor indo ao médico Tudo bem! _ Pensei comigo mesma.
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Avistei o balcão da recepção.
Todas as atendentes digitando com uma “cara amarrada” e um moço todo vestido de branco, do lado de fora, escrevendo algo num papel sobre o granito.
Mas, de repente, ao me aproximar eu que tenho um enorme desvio de septo e nunca quis operar por isso, quase não sinto cheiros.
Senti um imenso odor! Uma mistura de ácido com enxofre, carne em putrefação e mais, algo indescritível, que ardeu no meu nariz.
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_ O que é isso meninas Vocês despejaram o quê para limpar esta clínica Eu sou arquiteta hospitalar.
Mas nunca vi um produto feder mais que o formol! _ Foi no automático.
Não deu para pensar.
E falei no mais e preciso, tom de voz: Alto!
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Aí o moço do balcão olhou pra mim.
Sorriu e respondeu tranquilamente: _ Sou eu!
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Eu olhei para aquele rapaz que parecia um galã de novela.
Todo doce.
Com um amável sorriso nos lábios.
De cima abaixo:
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_ Que é isso garoto! Ninguém fede assim! _ E isso eu falei tampando o nariz.
E ele calmamente: _ Eu fedo sim.
_ Como
_ Eu sou químico de um curtume.
O cheiro fica em mim.
_ Ahhh! _ Isso explicava o indescritível.
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Nisso os pacientes abriram os semblantes.
As secretárias tiveram coragem de abrir as janelas.
Porque ar condicionado não faz milagres.
E aquele, era um caso de milagre! Outros pacientes começaram a rir quando uma criança falou: _ Eu não disse mamãe Que ele fedia!
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Todos começaram a ser honestos com a situação.
E eu com o nariz tampado com o indicador.
Vi a aliança no dedo anular esquerdo dele:
_ Mas e a sua esposa Ela também trabalha lá
_ Não ela é a farmacêutica de uma indústria de cosméticos, principalmente perfumes.
_ Ah.
Que bom! Então equilibra.
_Não sei o porquê, mas continuava num tom alto.
Acho que o “cheirinho” já tinha afetado o meu cérebro.
_ Mais ou menos.
Ela só me deixa entrar pelo elevador de serviço e tenho que tomar um banho no banheiro de empregada antes de entrar em casa.
_ Bom.
Pense pelo lado bom.
Pelo menos você pode dizer a ela, que ganhou um marido limpinho!
_ Nada.
Ela me faz experimentar um perfume novo quase toda a semana.
_ É.
Cada profissão tem seus “ossos”.
Que bom que vocês dão um jeitinho nesse “probleminha”.
_ É.
Você tem razão.
_ Sorriu e despediu se.
Louvado seja o Senhor, não esticou a mão para me cumprimentar.
Que alívio! Vai que “aquilo” pega.
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Foi só ele sair e todas as balconistas riram.
E falaram mal, dele é lógico, de mim, por delicadeza devem ter deixado para depois.
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Quando eu cheguei em casa notei o tamanho da minha gafe.
Mas o que mais me impressionou foi a espontaneidade que eu e ele conduzimos a conversa.
E o quanto todos naquele ambiente estavam incomodados, mas não tiveram se quer a coragem de abrir uma janela.
É impressionante o quanto o ser humano é inseguro ou hipócrita.
Ou os dois! Vai que um leva ao outro Será