A GRANDE PROCURA
Minha alma insiste em vaguear errante
Nas lembranças passadas de outras vidas
Evocando meu ego, ainda que inconstante
Pra que ele encontre alegrias, se vividas.
Troco de fé se a minha não comporta
Que em idos tive o olhar do amor postado
Em mim.
Tua voz a me chamar da porta.
Entreaberta, que exibia o dorso oferendado
Nu.
Ao meu amado, doce festim
E, quando a dor me torna agonizante
Minha alma foge em desespero tal
Geme, soluça, grita e ecoa dissonante
Da voz que solto: meu amor não retornou.
Por descuido deixei lá o meu amor
Retido entre uma bruma sonolenta
Pois cá estou destemperada em torpor
Nada daqui minha alma acalenta.
Nas sombrias lembranças minha alma busca
Onde ficou o amor.
Por que não veio
Em qual das vidas o perdi E ela se debruça.
Tentando encontrá lo em febril anseio!
Voa à procura de um cheiro ou semelhança
Que teu corpo exalava em doce cio
O teu perfume ela persegue e não se cansa
De te buscar desesperada, em desvario.
Velha reconheço: minha procura foi em vã
Nada encontrei, a dor dilacerante me consome
Busquei te pra abençoar me.
Vou morrer pagã
Sem o teu amor, e nem ao menos sei teu nome