Frases.Tube

Amigos Eternos

Príncipe (nem tão) Encantado
Brinco sempre com meus amigos que estou esperando meu príncipe encantado.
Reclamo que ele está demorando pra chegar, e que entendo que ele possa ter tido uns percalços pelo caminho.
Vai que ele ainda nem tenha encontrado meu sapatinho ! Sei que parece bobagem de menina que vive no mundo da lua, ou melhor, num conto de fadas, mas também sei que no fundo todos procuram por alguém especial e merecem finais felizes.
Talvez meu príncipe nem seja tão encantado assim.
Talvez não seja tão bonito e charmoso como nas historinhas infantis.
Talvez ele esteja atrasado porque vem de longe e a pé.
Talvez ele ronque, roa as unhas, tenha espinhas.
Isso é o de menos.
Também não importa se ele é alto, baixo, loiro ou moreno, desde que ele esteja disposto a me amar incondicionalmente e a me fazer feliz pra sempre todos os dias.
Não basta que ele me queira só um pouquinho.
Quero alguém que adore a minha companhia, que ame cada minuto que passa ao meu lado, que goste de mim do jeitinho eu sou.
Quero alguém que se entregue por inteiro sem medo de se machucar ou do que os outros vão pensar.
Alguém que esteja sempre pronto pra me ouvir, me compreender e pra me dar colo quando a TPM bate e eu fico meiguinha demais.
Será que estou pedindo muito ! Não sei.
As únicas certezas que tenho são as que vêm do meu coração.
E esse me diz que meu príncipe existe sim, que ele está por aí e que mais cedo ou mais tarde vai me encontrar.
Quando este dia chegar, eu vou ter certeza de que é ele.
Aquele friozinho que percorre o corpo quando os olhares se cruzam nunca se engana.

Semana passada liguei pro meu melhor amigo e convidei para um cinema.
A gente não se falava desde o ano novo, quando tudo deu errado pro nosso lado.
De tempos em tempos sumimos, falamos umas coisas horríveis de quem se conhece demais.
Ele topou desde que fosse daqui pra frente, preguiça de conversar da briga e tal.
E fomos.
Cheguei antes, comprei.
Ele chegou depois, comprou água.
Porque eu comprei os ingressos, ele comprou também uns doces e disse que pagaria o estacionamento.
Porque ele pagaria o estacionamento, eu disse que daria a carona da volta.
E com meu coração tão calmo eu voltei a sentir o soninho de sofá de casa com manta que sinto ao lado dele.
A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe.
Já tivemos nossos tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente.
Mas evoluímos para esse amor que nem sei explicar.
Ele me conta das meninas, eu conto dos caras.
Eu acho engraçado quando ele fala “ah, enjoei, ela era meio sem assunto” e olha pra mim com saudade.
Ele também ri quando eu digo “ah, ele não entendeu nada” e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora.
Ou vai mas sempre volta.
Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre.
Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase dez anos.
Somos pra sempre.
Ele conta do filme que tá fazendo, eu do livro.
Os mesmos há mil anos.
Contar é sem pressa de acabar.
Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele.
É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa.
São dez anos.
É isso.
Ele me viu de cabelo amarelo enrolado.
Eu lembro dele gordinho e mais baixo.
Eu já fui bem bonita numa festa só porque ele queria me fazer de namorada peituda pra provocar a ex.
Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito.
E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo.
E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes.
Mas meu melhor amigo é meu único amor.
O único que consegui.
Porque ele sempre volta.
E meu coração fica calmo.
E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo.
E todo mundo adora meu melhor amigo.
E eu amo ele.
E sempre acabamos suspirando aliviados "alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor" e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra".
E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora.
Quem tem que ficar, fica.